Angola e a República Democrática do Congo (RDC) estão no centro das atenções das autoridades sanitárias mundiais por causa da epidemia de febre-amarela que há cerca de um ano teve o seu "epicentro" em Luanda mas que rapidamente alastrou às restantes províncias e ao país vizinho, atingindo com força a capital, Kinshasa, deixando até ao momento centenas de mortos pelo caminho, cerca de 370 só em Angola.
A campanha de vacinação massiva em Kinshasa era considerada pelas organizações mundiais de saúde como essencial para estancar a epidemia mas também para que esta não tenha campo voltar a surgir com intensidade tanto na RDC como nos países vizinhos, visto que na capital da RDC, tal como Luanda, onde semelhante esforço teve lugar, vivem mais de sete milhões de pessoas com uma boa parte delas em condições precárias e susceptíveis de facilitarem a propagação da doença.
No entanto, tanto da RDC como em Angola partem boas notícias que permitem acalmar um certo pânico que se instalou na comunidade internacional nos últimos meses, com esta campanha bem-sucedida em Kinshasa e Luanda bem como a ausência de novos casos em Angola desde Junho último.
Como explicou, por diversas vezes a OMS, em tom de alerta, este esforço de vacinação tinha, como foi feito, de acontecer antes das chuvas que criam as condições ideais para a reactivação da epidemia, que foi considerada a pior do continente africano em décadas.
Á Rádio Okapi, da RDC, o director nacional do Programa de vacinação, Guylain Kaya, mostrou-se satisfeito e confiante de que o trabalho foi bem feito, minimizando as possibilidades de retoma da epidemia, embora tenha enfatizado que as áreas que estiveram em foco recentemente devem manter os cuidados e pediu às pessoas que não facilitem nos seus cuidados de higiene, que usem os mosquiteiros impregnados e combatam os locais onde as larvas dos mosquitos normalmente evoluem, como charcos e vasilhames com água.
Em Kinshasa, as autoridades apostam em não deixar ninguém de forma destas sucessivas campanhas de vacinação, mantendo unidades nos bairros à espera dos retardatários, equipas vão de encontro às pessoas que não se vacinaram e são feitos constantes apelos para que ninguém fique de fora, especialmente os mais velhos que têm dificuldade de locomoção.
Em Angola...
Muito semelhante foi o que aconteceu em Angola, com a campanha denominada "Último assalto à febre-amarela", porque de ambos os lados da fronteira sabe-se que vai ser muito difícil criar condições ambientais impeditivas da propagação do vírus, por causa da acumulação de águas pluviais, embora em Luanda a retirada dos lixos das ruas seja menos uma rampa de lançamento da doença, bem como da oportunista malária.
Sobre Angola, os últimos dados da OMS garantem que desde 23 de Junho não há novos casos confirmados, sendo o balanço definitivo 369 óbitos em 3922 casos suspeitos, dos quais 879 foram confirmados em laboratório.
Das 18 províncias angolanas, 16 registaram casos de febre-amarela com transmissão local confirmada.
O SNS diz ainda que "foi implementada uma campanha de vacinação reactiva em Angola nas áreas com transmissão local confirmada e outra preventiva em 15 de Agosto (esta visa aproximadamente três milhões de pessoas na fase I e dois milhões na fase II)"
"A campanha de vacinação visa imunizar populações em risco em 22 distritos, 17 dos quais estão perto da fronteira de Angola com a República Democrática do Congo, Namíbia e República do Congo", informa ainda este serviço do Ministério da Saúde.