Após um trabalho de concertação com os bancos comerciais, para "perceber qual o nível de activos de cada um", bem como "o nível de posição cambial", o BNA pretende repor a situação cambial dos mesmos.

Ou seja: "Vender divisas aos bancos, para que de uma forma paulatina, prudente, organizada, os bancos comecem a disponibilizar ou a autorizar o movimento das contas", explicou na sexta-feira, 26, o governador Valter Filipe, em esclarecimentos aos deputados da Assembleia Nacional, durante a discussão na especialidade da proposta de lei do Orçamento Geral do Estado revisto de 2016.

Segundo o responsável, em declarações reproduzidas pela Rádio Nacional, essa disponibilidade de divisas "será feita ao nível do cartão do crédito e ao nível das transferências", mas "muito pouco ao nível da entrega física" de moeda.

Isto porque no domínio do sistema financeiro internacional, há um grande esforço dos reguladores dos EUA e Europa para limitar a utilização da moeda física por questões de controlo e de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento de terrorismo.

Ainda nas declarações prestadas aos parlamentares, Valter Filipe reconheceu que "as famílias têm estado a ter uma experiência difícil em relação à disponibilidade de divisas", mas sublinhou que o BNA não tem moeda estrangeira em quantidade suficiente, estando a destinar divisas semanalmente para as necessidades básicas, nomeadamente viagens, bolsas e despesas de saúde.

O governador do BNA lembrou ainda que a redução drástica das receitas petrolíferas "apanhou todos desprevenidos e também o sistema financeiro."

Valter Filipe acrescentou que para proteger a estabilidade financeira, a única garantia que o Estado tem do ponto de vista da sua reputação financeira, são as reservas de cerca de 24 mil milhões de dólares, defendendo, por isso, uma gestão rigorosa e limitada das mesmas.