Segundo apurou o Novo Jornal junto da direcção do Comité Olímpico Angolano, no total, o Executivo disponibilizou apenas 57 milhões de kwanzas - contra os 150 milhões prometidos - verbas que, ainda assim, só chegaram às mãos dos dirigentes do COA dois dias antes do arranque oficial da prova do Brasil.

Face ao atraso na disponibilização dos valores, o Comité Olímpico Angolano, sob o aval do Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD), recorreu aos fundos próprios para não comprometer a presença de Angola nos jogos.

Até quarta-feira, 24, altura em que o Novo Jornal ouviu em exclusivo o secretário-geral do COA, os valores do reembolso rondavam os 40 milhões de kwanzas, quantia oriunda dos cofres do comité ???????e de outras instituições que prestaram serviços à caravana angolana.

Entretanto, segundo fez saber António Bambino, o valor a reembolsar poderá vir a registar um aumento, em função das contas da presença de Angola não estarem ainda totalmente fechadas.

"Temos embarcações por fazer deslocar do Rio para Angola, o que vai acarretar muitos custos. O grosso da caravana chega a Luanda apenas amanhã (entrevista feita na quarta-feira, 24) e não sabemos ainda quais as outras despesas que eventualmente nos serão cobradas. Desconhecemos ainda se iremos receber multas ou outras exigências de pagamento", perspectivou o secretário-geral do COA.

"De uma coisa temos certeza: O valor do reembolso vai aumentar e, no total, como é natural, vamos ultrapassar os 150 milhões disponibilizados pelo nosso Governo para as despesas da presença no Rio de Janeiro. Poderia ter sido mais, se não tivéssemos pessoas que nos ajudaram a minimizar algumas despesas", acrescentou.

"Inicialmente, esperávamos receber do nosso Governo cerca de 400 milhões de kwanzas. Depois, ficou-se nos 312 milhões. Houve outra redução para 150 milhões. Contudo, só recebemos perto de 57 milhões de kwanzas", referiu António Bambino.

Recordou que foi com "bastante ginástica" que o seu elenco conseguiu movimentar a caravana e garantir que esta participasse no maior evento desportivo do mundo.

"Foi por pouco que não participámos nos Jogos Olímpicos. O envio tardio das verbas, ademais bastantes reduzidas, colocou em risco a nossa participação. Passámos por muitas dificuldades que não são boas para a imagem do nosso país, como a pressão que tivemos na aquisição do equipamento para o andebol, que nos chegou quase ao limite do prazo. Aliás, só conseguimos confirmar a presença da Selecção Nacional porque é um país irmão que esteve à frente da organização da prova", recordou.

"Em foro próprio, vamos falar isso às nossas autoridades, porque coisa semelhante não pode continuar a acontecer, num evento de grande envergadura como são os Jogos Olímpicos", lamentou António Bambino.

Do secretário-geral do COA o Novo Jornal apurou que, para ajuda de custos, o Governo angolano disponibilizou apenas 23 mil dólares, que foram repartidos pelos cerca de 50 integrantes da caravana que esteve no Rio de Janeiro.

"Com esse valor, a diária ficou-nos em quase 15 dólares para cada um, o que não deixa de ser preocupante. É uma experiência que não gostaria de voltar a viver", confidenciou.