Este apelo da comunidade internacional surge num quadro de grande violência que se está a espalhar por todo o país, tendo a visível tensão dos últimos meses dado lugar a confrontos em Kinshasa entre manifestantes que exigiam o pleito eleitoral no prazo Constitucional, até 20 de Novembro, com dezenas de mortos confirmados.

Mas também depois de, na quinta e sexta-feira, no Kasai Ocidental, em Kananga, mais cerca de meia centena de mortos serem acrescentados à lista trágica das últimas semanas, devido ao estalar da violência entre apoiantes de um líder tradicional e as forças de segurança, para além das centenas de mortos provocados ao longo de duas décadas pela acção das guerrilhas do Uganda e do Ruanda nos Kivu Norte e Sul.

Contudo, para a comunidade internacional, a questão das eleições presidenciais é a pedra de toque de todo o problema, porque, como o Novo Jornal Online tem vindo a relatar exaustivamente, a comissão eleitoral independente (CENI) já tornou público um adiamento da ida às urnas por, pelo menos, 18 meses, quando deveria acontecer até 20 de Novembro próximo.

E foi a incompreensão para esse atraso que levou a oposição a convocar uma manifestação na passada segunda-feira, 19, à qual a polícia respondeu de forma brutal, deixando as ruas de Kinshasa pejadas com dezenas de cadáveres, entre 30 a 100, segundo diversas fontes.

Como questão essencial surge ainda a impossibilidade de o Presidente Joseph Kabila se candidatar a um quarto mandato e a acusação da oposição que o atraso nas eleições é um expediente para se manter no poder.

Perante isto, a ONU, a UA, a OIF e a União Europeia assinaram um comunicado conjunto, divulgado em Nova Iorque, onde decorre a Assembleia Geral das Nações Unidas, onde estas organizações se afirmam como "muito preocupadas" com a violência em Kinshasa e noutras cidades da RDC.

No texto, apelam à Maioria Presidencial (MP) de Kabila e à oposição para moderarem as suas acções e afirmações, renunciando à violência como forma de dirimir posicionamento diferentes sobre o momento político no país, não deixando de exigir a realização célere das presidenciais.