Não é apenas Melania Trump, esposa do Donald Trump, candidato republicano às próximas eleições, que é acusada de plágio por ter tirado partes do discurso da Michelle Obama.

O antigo presidente de Madagáscar, Mark Ravalomanana, diz-se, pagou milhões de dólares a um escritor inglês para lhe escrever discursos que deveriam ter o mesmo efeito que os discursos de Obama. No Quénia, o Presidente Uhuru Kenyatta é também acusado, por alguns dos seus adversários, de ter cabulado certos discursos de Obama.

O legado do Obama parece ter mesmo a importância que será dada aos discursos. A antiga rival de Obama, Hillary Clinton, disse que ele era nada mais do que retórica - que além dos discursos tudo o que havia era apenas espuma. Uma boa parte de equipa que redigia os discursos de Obama está agora com Hillary. Ela não está a criar o mesmo efeito porque lhe faltam a paixão e a convicção.

Dizia-se que o actor britânico Sir John Gilgud era tão bom que podia causar lágrimas na audiência lendo uma lista telefónica. Obama é também um bom actor que sempre teve uma equipa talentosa que redige os seus discursos. A produção dos famosos discursos não é nada fácil. Houve vários esforços para saber exactamente como é que estes discursos eram produzidos.

Aparentemente, Obama reunia-se com o autor principal dos discursos e lançava algumas ideias. Este fechava-se num quarto, onde redigia o primeiro rascunho que era distribuído aos membros da equipa, que eram escolhidos na base da sua capacidade literária e académica; havia aí historiadores, peritos da língua inglesa, gente formada em Ciências Políticas. Havia, até, peritos de articulação e dicção que garantiam que o discurso se tornaria memorável.

O salário do chefe da equipa que redigia os discursos de Obama era de cerca de quinze mil dólares por mês. Obama tinha os melhores dos melhores; mas ele proferia aquelas palavras com paixão e convicção.

Há, no Quénia, Patrick Lumumba, antigo Chefe da Comissão Contra a Corrupção, que também é muito conhecido pelos seus discursos. Há quem diga mesmo que ele é o Obama da África Oriental. Patrick Lumumba faz os seus discursos como se fosse uma mistura do Martin Luther King e de Barack Obama; ele estudou atentamente os tiques de ambos: como a linguagem corporal deveria complementar o que estava a ser dito. Ninguém o acusa de plágio, porque há uma certa originalidade na imitação.

No mundo anglófono, em termos de políticos que fazem discursos, há o Patrick Obahiagbon, membro do parlamento nigeriano, uma espécie de Mestre Tamoda, que utiliza palavras que quase ninguém entende.

Há também, na África do Sul, este que insulta os adversários na sua língua materna. Quando fala, o mundo tem mesmo que o ouvir....