"Cabo Verde tem sido um exemplo em África e oxalá que desta vez faça jus ao estatuto que já tem de fazer eleições justas e transparentes de modo a que cada vez mais seja citado no contexto da União Africana como um país moderno", disse o ex-presidente da Guiné-Bissau e líder da missão de observadores da União Africana, Serifo Nhamadjo.

Nhamadjo falava aos jornalistas, na cidade da Praia, no final de uma visita de cortesia ao Presidente da República interino de Cabo Verde, Jorge Santos.

O ex-Presidente da Guiné-Bissau lidera uma missão de 29 observadores, distribuídos por sete das nove ilhas, que se encontram em Cabo Verde desde 24 de Setembro.

"Tem sido uma campanha pacífica, os debates deram a ideia da maturidade dos candidatos que se cingiram apenas àquilo que é o essencial e esperamos que no dia do voto haja uma maior participação do povo cabo-verdiano para escolher o Presidente que a maioria quiser", disse Nhamadjo.

Como único ponto de preocupação, o chefe da missão da UA apontou a taxa de abstenção, "genérica em todos os países de África", e que nas recentes eleições autárquicas em Cabo Verde se situou acima dos 40 por cento.

Na mesma ocasião, o chefe da missão de observadores da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o ex-presidente do Benim Thomas Boni Yaya, assinalou que "Cabo Verde é conhecido hoje como uma terra de cultura democrática".

Boni Yaya explicou, por isso, que a missão de 50 observadores da CEDEAO pretende recolher informações para informar a comunidade internacional sobre os esforços de Cabo Verde "na conformidade com os princípios democráticos da região".

O antigo chefe de Estado do Benim lembrou que no ano passado houve 23 eleições no continente africano e que 18 delas resultaram em conflitos pós-eleitorais e conduziram à instabilidade política.

Neste contexto, sublinhou a importância do exemplo de Cabo Verde que, em 2016, vai realizar três actos eleitorais (legislativas de Março, autárquicas de Setembro e presidenciais de domingo).

A campanha eleitoral para as presidenciais de domingo em Cabo Verde encerra hoje com comícios das duas maiores candidaturas na cidade da Praia.

Com três candidatos na corrida, mas com a vitória do actual chefe de Estado, Jorge Carlos Fonseca, a ser dada como quase certa à primeira volta, a campanha arrancou oficialmente a 15 de Setembro sem o entusiasmo suscitado pelas muito mais disputadas legislativas de março último.

Jorge Carlos Fonseca conta com o apoio do Movimento para a Democracia (MpD), que desde o início do ano obteve duas vitórias eleitorais (legislativas e autárquicas).

Conta ainda com o apoio pessoal do líder do terceiro maior partido cabo-verdiano, a União Cabo Verdiana Independente e Democrática (UCID).

Advogado e constitucionalista, Jorge Carlos Fonseca concorre com o actual reitor da Universidade do Mindelo, Albertino Graça, que recolheu na semana passada o apoio do Partido Popular (0,34% de votos nas legislativas) e teve na apresentação pública da sua candidatura a presença de destacadas figuras do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), na oposição.

O terceiro candidato é Joaquim Monteiro, natural de São Antão, antigo combatente pela liberdade da pátria, que entra pela segunda vez consecutiva na corrida presidencial.

A UCID e o PAICV deram liberdade de voto aos seus militantes.

Jorge Carlos Fonseca concorre com o lema "O Presidente sempre com as pessoas". Garante que apesar de correr com o apoio do partido do Governo, manterá a autonomia e independência e tem reforçado os apelos ao voto numa tentativa de contrariar a ideia de que a eleição está ganha.

Albertino Graça, 56 anos, aposta na mensagem de que a concentração do poder legislativo, autárquico e presidencial numa única área partidária representa um problema para Cabo Verde, sendo por isso necessário, como reza o seu lema, "Mais equilíbrio" na vida política e no exercício dos poderes presidenciais.

Joaquim Jaime Monteiro, 76 anos, combatente da liberdade da pátria entra na corrida presidencial pela segunda vez, garantindo desde já nova candidatura em 2021.

Afirmando-se como o "verdadeiro candidato do povo", tem feito sobretudo campanha porta a porta, chamando à atenção para as situações de pobreza e para as condições em que muitos cabo-verdianos ainda vivem.

Nas eleições presidenciais estão aptos a votar 361.206 eleitores, 314.073 registados em território nacional e 47.133 no estrangeiro.