O que justificou a deslocação de Dag Hammarskjold (na foto), o segundo SG da história da ONU, à Rodésia do Norte, actual Zâmbia, foram as negociações de paz combinadas com Moise Tshombe, um líder político congolês que, em 1960, declarou a independência unilateral do Katanga, iniciando uma violenta e mortífera luta armada, com apoio de centenas de mercenários belgas.
Ao fim destes anos, durante os quais nunca se chegou a uma conclusão clara sobre a natureza da explosão que destruiu em pleno ar o DC-6 em que seguia Hammarskjold, por iniciativa de um deputado belga, Bruxelas abriu um novo processo de investigação para, finalmente, se fazer luz sobre um dos mais, entre vários, misteriosos acidentes aéreos que vitimaram, em África, dirigentes políticos e diplomatas.
O avião em que seguia o SG da ONU tinha como destino Ndola, onde Dag Hammarskjold era aguardado por Moise Tshombe, líder do partido Conakat, que em 1960 assumiu o poder no Katanga e rapidamente anunciou ao mundo a independência unilateral desta província congolesa, dando origem a violentos e prolongados confrontos militares.
Uma explosão no ar, relatada nos inquéritos que sucederam o acidente, acabou com a viagem do SG da ONU, abrindo caminho a especulações de diversa natureza, desde um ataque por míssil ao avião errado, até às que garantem que se tratou de uma bomba a bordo destinada a impedir quaisquer tentativas de por fim ao conflito no Katanga.
Nenhum dos inquéritos foi conclusivo, deixando o mistério pairar por 55 anos...
Agora, com a ONU a apoiar este novo inquérito, os investigadores querem vasculhar os arquivos belgas, a antiga potência colonial, nomeadamente os que contêm informação sobre o piloto, cujo corpo nunca foi encontrado, aumentando assim o combustível especulativo em torno deste caso.
Por parte da ONU, o actual SG, Ban ki-Moon, pediu às autoridades belgas que permitissem vasculhar os documentos que marcam o percurso do piloto, agora uma das pistas consideradas de maior viabilidade para acrescentar informação útil a este intrincado processo de investigação com várias fases mas nenhuma certeza.
Todavia, no primeiro inquérito ordenado pela ONU, várias testemunhas falam de uma explosão muito brilhante nos céus a preceder a queda do aparelho, sendo este o primeiro passo de uma longa caminhada especulativa a apontar para o assassinato de Dag Hammarskjold, naquele 18 de Setembro de 1961.
Por seu lado, Moise Tshombe, teve de fugir do Katanga quando as forças da ONU, em 1963, tomaram a província, exilando-se, primeiro na Rodésia do Norte (Zâmbia) e depois em Espanha.
Em 1966 volta ao Congo para liderar como primeiro-ministro um Governo de coligação, mas a sua impetuosidade voltou a manifestar-se e envolveu-se de novo em forte polémica quando mandou expulsar os congoleses de Brazzaville, sendo perseguido judicialmente depois de alguns episódios recambolescos.
Em 1967 foi condenado à morte, mas, durante uma viagem, o avião foi sequestrado e desviado para a Argélia, onde ficou em prisão domiciliária até morrer, em 1969, de ataque cardíaco.