Um dos exemplos sublinhados no Fórum sobre Migrações que está a decorrer na capital do Senegal, Dacar, é o dos matemáticos africanos a viver só nos EUA, que já são em número superior aos existentes nos seus países.
Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), cerca de 92 milhões de africanos trabalham, na maior parte, em países europeus ou nos EUA, e, entre estes estão os milhões com elevada qualificação académica que fazem falta para impulsionar e consolidar o desenvolvimento do continente.
A experiência profissional e a formação académica destas pessoas é, segundo a OIM, um bem escasso em África e o seu regresso poderia ser de grande utilidade, como se percebe olhando para as estatísticas em muitos países africanos que são obrigados a recorrer à importação de mão-de-obra estrangeira para os mais diversos sectores.
Segundo despachos das agências, uma das iniciativas mais sublinhadas neste fórum em Dacar é a criação de condições para o regresso dos africanos na diáspora.
Aissata Kabia, diplomata da Serra Leoa, defendeu neste encontro que a criação de políticas para incentivar o regresso dos africanos qualificados ao continente é essencial para o seu futuro, podendo esse passo ser dado reunindo condições que permitam a essas pessoas ter um mínimo de garantias para o regresso, nomeadamente no investimento dos seus fundos próprios.
Isto, porque as soluções mais comuns têm sido integrar os africanos qualificados no exterior nas estruturas administrativas dos estados, com elevados salários, e isso é um problema porque eles são vistos como uma ameaça para os técnicos que se formaram em universidades locais.
E este regresso, não sendo fácil, pelo menos tem a vantagem de se saber já que seria uma grande mais-valia para o continente, porque o mesmo aconteceu, segundo o presidente da organização não-governamental Global Local Forum, Abdoulaye Sène, "em países como a Índia, Itália ou Espanha".
Sendo o exemplo da Índia o mais evidente porque o salto tecnológico que o país deu está claramente ligado às suas políticas de atracção dos indianos qualificados da diáspora.
E em África não faltam eventuais candidatos a esse regresso, como o demonstra, em declarações à Efe, o presidente do Instituto Africano de Matemática, Thierry Zomahoun, ao lembrar que o número dos engenheiros africanos que trabalham nos Estados Unidos já ultrapassa o dos que exercem a profissão nos seus próprios países.