"Angola tem de ter consciência de que vai ter de viver num novo contexto em que o petróleo não vai voltar tão depressa aos 120 dólares, e isso agrava a necessidade de passar de uma economia baseada na exploração dos recursos naturais para uma economia baseada na gestão dos recursos humanos", disse o também ex-presidente do BIC Portugal.

Intervindo no congresso "Angola, 40 anos depois da independência", que hoje decorre em Lisboa, Mira Amaral enfatizou que Angola "tem de passar desta fase de ser uma economia puxada pelos recursos naturais, para uma economia em que a gestão dos recursos humanos tem um papel mais importante".

O choque petrolífero, que em 2014 fez os preços passarem de mais de 110 dólares para menos de metade durante os dois anos seguintes, "veio forçar esta necessidade de [os dirigentes angolanos] perceberem que não podem estar dependentes do petróleo".

Para Mira Amaral, o "novo contexto" do sector petrolífero foi motivado pela "revolução energética norte-americana e pelo abrandamento do crescimento da economia mundial", com a intensificação da exploração do petróleo e gás de xisto.

"Os produtores norte-americanos actuam como "pequenos garimpeiros", ajustam-se rapidamente aos preços mundiais, saem do mercado quando o barril desce dos 40 dólares, mas voltam a entrar assim que o preço sobe porque não têm grandes custos fixos, e quando o petróleo voltar a subir, eles voltam a entrar no mercado e os preços vão descer outra vez", explicou.

Assim, concluiu, "Angola tem de ter consciência de que vai ter de viver num novo contexto, o que acentua a necessidade de passar de uma economia baseada na exploração dos recursos" para uma economia assente na gestão eficiente desses recursos.