O mote foi lançado ontem em Luanda no arranque de uma conferência organizada pela Associação Mãos Livres, o Fórum das Mulheres Jornalistas e a Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD).
Em declarações à imprensa, o dirigente da Associação Mãos Livres, David Mendes, referiu que no próximo ano essas organizações vão mudar as suas agendas próprias em função do processo eleitoral que se avizinha, para que o mesmo decorra "da melhor maneira" e sem os "conflitos" que se verificam na vizinha República Democrática do Congo.
Segundo David Mendes, o programa e acções dessas organizações vai se adaptar ao processo eleitoral, nomeadamente no estímulo das pessoas ao registo eleitoral, à votação e educação dos políticos para "assumirem os resultados que vierem das eleições".
David Mendes referiu que a realização desta conferência de dois dias teve como objectivo juntar partidos políticos, igrejas e sociedade civil, para uma reflexão à volta da situação da paz, democracia e direitos humanos em Angola, a propósito do período de pré-campanha eleitoral.
"Sabemos que quando há campanhas ou pré-campanhas, os partidos políticos tratam de defender os seus programas e nessa defesa dos seus programas esquecem-se às vezes que é preciso preservar a paz, os direitos humanos e a democracia", salientou.
O advogado considerou importante estimular nesta altura "o espírito de tolerância política, o espírito de quem ganha respeitar quem perde e quem perde reconhecer quem ganha".
"Muitas vezes entre nós, em África em geral, não se respeita. Este é um exercício que se quer fazer para envolver os partidos, a sociedade civil, as igrejas, para esse espírito de tolerância e de reconhecimento da unidade na diversidade, é esse o nosso propósito", vincou David Mendes.
Um tema que, confirmou, foi escolhido precisamente pelas reclamações dos partidos políticos da oposição, sobre a falta de transparência no processo de registo eleitoral em curso no país.
"Tem a ver com isto, porque se você vai lançando a ideia de que o processo não é transparente permanentemente não credibiliza o processo, ainda que haja erros vamos tentar corrigir os erros, vamos direccionar para aquelas instituições encarregues de corrigir os erros, e se você continua, enquanto poder político, a dizer à população que isto não está bom, que isto não está certo, vai criar abstenção", frisou.
"Será que os que estão a concorrer querem abstenção, então ao fazerem discursos que não estimulam as pessoas a registarem-se, a concorrem para o registo, estamos a criar condições para abstenção e os discursos os políticos estão muito mal direccionado e a sociedade civil pode ajudar a direccionar os discursos", adiantou o dirigente da Associação Mãos Livres.
David Mendes manifestou o seu agrado pelo compromisso assumido pelos líderes da UNITA, Isaías Samakuva, da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, e da FNLA, Lucas Ngonda, partidos da oposição, de respeitarem quais forem os resultados das próximas eleições, num contexto de um processo transparente.
"É isso que para nós é importante, esse compromisso, estamos a ir para as eleições, é preciso que as pessoas assumam que as eleições não são o fim único de um sistema democrático", afirmou.