A decisão da administração do Rangel de transferir as zungueiras da rua Henrique Gago da Graça e da Lino Amezaga para quintais, explicada como forma de conter a venda desordenada nas vias, desobstruindo a circulação automóvel, está a ser ignorada pelas vendedoras.

"Nestes quintais não há condições nenhumas, e não aparece nenhum cliente. Desde que fomos obrigadas a vender aqui o nosso negócio baixou muito", conta Maria Roque, uma das comerciantes ouvidas pelo Novo Jornal que contesta a mudança imposta pela administração.

"Sempre vendemos nessa rua [Henrique Gago da Graça], estou aqui há mais de quinze anos", insiste a mulher, que acusa os fiscais da administração do Rangel de maus-tratos.

"Quase todos os dias vêm fazer cobranças e quando dizemos que não temos dinheiro somos corridas de forma violenta. Algumas colegas chegaram mesmo a ser agredidas pelos fiscais", garante a zungueira.

Os relatos de abusos ouvem-se também pela voz de Guilhermina Mateus, outra das vendedoras que lamenta o facto de ninguém encostar os fiscais a parede.

"Eles circulam disfarçados, quando chegam nem dão nenhuma satisfação, ficam a destruir os nossos negócios. Outros chegam a levar os nossos produtos que adquirimos com muita dificuldade", acusa.

À margem das queixas, o cerco à venda de rua promete apertar, com a criação, por parte da administração distrital do Rangel, de uma operação de fiscalização.

"Criámos um esquema para travar ao máximo está situação, que tem gerado muita preocupação junto dos moradores. Estamos sempre a desencorajar essas senhoras que insistem em não acatar as orientações da administração", disse ao Novo Jornal online fonte da administração distrital do Rangel, que falou na condição de anonimato.

"As vendedoras deixam muito lixo nestas ruas, elas ao menos tinham de retirar o lixo que produzem durante a venda, encontrem as ruas limpas e deixam sujas", nota a fonte, recordando que o administrador Francisco Manuel Domingos manteve na semana passada um encontro com os proprietários dos quintais na rua Henrique Gago da Graça e na Lino Amezaga, devido à venda desordenada que se tem verificado por aquelas bandas.

"O administrador advertiu as pessoas para que deixem de comercializar os seus produtos ao longo dos passeios da rua Lino Amezaga e na Henrique Gago da Graça. Infelizmente a maioria das senhoras não estão a cumprir, por acharem que não estão dificultar a vida dos cidadãos que utilizam esta via", lamenta o responsável, para quem os quintais são uma boa alternativa às ruas.

"Foi um grande alívio a abertura destes novos locais, devendo-se fazer um esforço para que grande número de pessoas, que insiste em vender nas estradas e passeios, dificultando assim a circulação automóvel e de peões, seja retirado", reforça.