Este cenário fez soar as campainhas de alerta dos mercados mas também do próprio Governo de Pequim, que se viu obrigado a aumentar as taxas de juro para tornar mais difícil o acesso ao crédito que, até aqui, os bancos concediam em grande volume.

Só no mês de Janeiro, os bancos chineses, alicerçados na política definida pelo Governo, libertaram em crédito 280 mil milhões de euros, soma que faz tocar as sinetas do risco de a dívida do país se tornar insustentável, tendo Pequim ouvido sérios avisos de analistas internacionais, incluindo das agências de "rating", para a possibilidade desta dívida não ser gerível.

Perante este cenário, o Governo chinês procurou fazer marcha-atrás através de restrições na sua política monetária.

A questão, no entanto, como lembram analistas ocidentais especializados na economia chinesa, é saber como é que a segunda maior economia do mundo vai fazer a gestão desta situação sem cair numa rápida desaceleração do crescimento económico do país.

O tecto dos 270 por cento do PIB de dívida chinesa foi alcançado em Dezembro de 2016, fazendo tocar as campainhas de alerta nos mercados internacionais e do próprio Governo chinês.

Em causa está a natureza do crescimento económico do país, que os analistas da agência "Fitch" afirmam estar a ser sustentado pelos estímulos e não em políticas económicas sustentáveis.

O principal risco está agora na possibilidade de a economia chinesa poder tornar-se insustentável e ser obrigada a uma "aterragem" forçada, com riscos que, por se tratar de um gigante mundial, de impacto em todo o mundo.

Embora a questão não esteja no centro das atenções dos analistas internacionais, para África e outras regiões do mundo que contam fortemente com a ajuda de Pequim para, como é o caso de Angola, financiar uma grande parte dos seus projectos estruturantes, uma queda abrupta do músculo financeiro chinês pode ter consequências nefastas.

Uma das situações que ocorrem normalmente, e à qual a China não está a escapar, é a subida substancial do preço do imobiliário, porque a facilidade de acesso ao dinheiro leva os cidadãos a investirem neste sector, permitindo vislumbrar um cenário futuro semelhante ao que esteve na génese da crise do subprime americano, cuja parte essencial foi as casas estarem a ser vendidas a preços muito superiores ao seu valor real e, naturalmente, gerando uma situação condenada a descambar a prazo.

Perante isto, sendo a região de Shenzheno um bom exemplo com o metro quadrado do imobiliário a subir 50 por cento em 2016, o banco central chinês está agora a tentar corrigir a situação com aumentos das taxas de juro de curto prazo, medida típica quando os países precisam urgentemente de proceder à diminuição do crédito barato concedido pelos bancos sem ser de uma forma radical.