Perante este quadro de evidente belicismo por parte do Presidente norte-americano, Donald Trump, que disse nas últimas horas estar disponível para resolver sozinho o problema da Coreia do Norte, o que só pode significar uma intervenção militar para destruir o programa nuclear de Pyongyang, o Presidente chinês, Xi Jinping, telefonou ao inquilino da Casa Branca para evitar aquilo que pode ser uma catástrofe.

A China é o principal, e quase único aliado da Coreia do Norte, estando sob forte pressão dos EUA para que influencie o Presidente norte-coreano, Kim Jong-un, a evitar uma escalada militar com os sucessivos testes de mísseis com capacidade de transporte de ogivas nucleares, ameaçando directamente os mais destacados aliados norte-americanos na região, o Japão e a Coreia do Sul.

O que, segundo a cadeia de televisão chinesa CCTV, Xi Jinping disse a Donald Trump foi que o diálogo deve prevalecer sobre uma eventual intervenção militar, tendo o Chefe de Estado chinês mostrado já estar a actuar para torcer o também ele perigoso belicismo norte-coreano, tendo rejeitado as últimas cargas de carvão, o principal produto de exportação de Pyongyang.

E o caso não é para colocar de lado todas as possibilidades, porque Donald Trump parece estar determinado em "resolver a questão" de forma unilateral" se a China não aceitar intervir através da sua capacidade de influenciar Kim Jong-un, mostrando essa determinação com o envio de uma poderosa esquadra naval, liderada por um porta-aviões, o USS Carl Vinson, para muito próximo das águas norte-coreanas.

Uma garantia Trump já recebeu, ainda de acordo com a CCTV, que é o empenho de Pequim na desnuclearização da Coreia do Norte e na manutenção da paz e estabilidade na região.

O que surge como um relativo alívio para o mundo, porque o Presidente da Coreia do Norte já deixou claro que, perante um ataque norte-americano, vai responder, se necessário, com um ataque nuclear contra os EUA.

Primeiros efeitos sentidos em Pyongyang

Para tentar gerir o crescente isolamento internacional, o Parlamento da Coreia do Norte, segundo as agências internacionais, retomou os trabalhos da comissão diplomática que, nos anos de 1990, teve como missão abrir portas pela via diplomática para as necessidades do país, sujeito a uma pressão muito forte da comunidade internacional.

Com a persistência em manter o seu programa nuclear, nomeadamente através dos testes a misseis balísticos capazes de transportar ogivas nucleares, estreitam-se as possibilidade de uma solução pacífica para este problema, admitindo os analistas que o "click" que pode provocar uma intervenção militar directa dos EUA é um eventual teste a um engenho nuclear, o que, admite-se, pode estar a ser preparado como manifestação de força e de dissuasão por parte de Pyongyang.

Recorde-se que a Coreia do Norte está actualmente sujeita a uma malha densa de sanções internacionais, estando o país claramente pendurado no apoio chinês, sem o qual dificilmente o regime de Kim Jong-un poderá sobreviver, sendo essa convicção o que pode, ainda segundo os analistas do dramático cenário em criação na Península Coreana, fazer a China aceitar entalar o seu "amigo" coreano.

E a Síria ali tão... longe

Mas a Península Coreana está longe de ser hoje o único lugar quente do planeta em matéria de risco de evolução catastrófica de um conflito militar com potencial de evolução para o recurso a armas nucleares.

A Síria permanece como a fornalha onde a Rússia e os EUA procuram queimar-se mutuamente, usando como trunfo a noção clara de que há um limite para as ameaças quando se estão a confrontar as duas maiores potências nucleares do mundo.

Para já, e depois do ataque com dezenas de mísseis Tomahawk a uma base aérea síria como resposta aos ataque com químicos, que Washington alega ter sido ordenado pelo Presidente Bashar Al-Assad, a Rússia e o Irão avisaram-no Trump de que uma nova investida sobre a Síria terá como resultado um contra-ataque.

Para já, ninguém arrisca adivinhar que resposta poderá ser esta, mas se for um ataque directo aos navios emissores dos mísseis, a situação passa a reger-se pela velha máxima de que se sabe sempre como começa uma guerra, mas ninguém pode antecipar como acabará.

Como relatam as agências, e ainda sobre a última conversa telefónica entre os presidentes chinês e norte-americano, Xi Jinping foi sólido a defender a "via política" para solucionar a crise síria.

Xi Jinping sublinhou o papel mediador das Nações Unidas, afirmando esperar que o Conselho de Segurança se mostre "unido", num momento de clara divisão entre os seus membros.

Mas não é só Jinping a temer o destrambelhar da situação com a imprevisibilidade de Donald Trump, também os aliados europeus dos EUA, com excepção do Reino Unido, exigiram a via do diálogo e o recentrar desta discussão nas Nações Unidas, como forma de colocar o mundo em risco de um conflito nuclear.