Em entrevista à agência Lusa, cedida em Washington - para onde viajou a fim de participar nas reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial -, o ministro das Finanças confirmou que o BNA pretende concentrar as divisas colocadas no mercado primário numa elite de cinco ou seis bancos comerciais.

"O novo quadro tenta privilegiar uma maior transparência e menor discricionariedade na atribuição de divisas e uma observação de um conjunto de critérios objectivos que vão sustentar a racionalização da aceitação de divisa", considera Archer Mangueira, que não vê motivos para se estar "a fazer um bicho-de-sete-cabeças em relação a isso".

"Hoje, as grandes operações comerciais estão concentradas em não mais de sete bancos, por várias razões. Os clientes desses bancos fazem operações nos bancos que eles escolhem, porque cumprem os requisitos que são impostos por esses bancos", explica o governante, que prossegue na defesa da estratégia do Executivo.

"O que temos estado a fazer num momento de escassez é um ajustamento na afectação de divisas aos bancos que já têm concentradas nas suas carteiras as maiores operações comerciais", reforça o ministro.

Dólares de volta ainda este ano?

par da nova estratégia de distribuição de divisas, Archer Mangueira destaca a iniciativa do Governo no sentido de "implementar um conjunto de procedimentos para reforçar a supervisão da banca, tanto pública como privada, até no âmbito do plano nacional de combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo".

O objectivo passa pela actuação do recém-criado Conselho Nacional de Estabilidade Financeira, que congrega todos os supervisores do sistema financeiro angolano, como o Ministério das Finanças, o Banco Nacional de Angola, a Comissão de Mercado de Capitais e a Agência Reguladora de Seguros.

Archer Mangueira adiantou ainda que o país espera levantar a suspensão de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários para compra de dólares ainda este ano.

"Estamos a trabalhar nesse sentido. Já começa a haver um bom ambiente, mas todo esse processo passa por fortalecer as nossas instituições. Estamos a impor junto das instituições financeiras bancárias e não bancárias um conjunto de regras para que estejamos alinhados com as regras de boa governação definidas internacionalmente", esclarece Archer Mangueira.

"Também temos apelado aos bancos e instituições que não devemos optar por uma política de exclusão para os países onde as instituições ainda têm alguma fragilidade própria do seu desenvolvimento. É um trabalho em curso, mas temos estado a ter um bom feedback", garante o ministro, acrescentando: "Ainda ontem tive uma reunião com um banco de primeira linha que se predispôs a ajudar as instituições angolanas nesse sentido".