"Não temos um número exacto, mas sabemos que são muitos", disse Luís Victorino, que justifica a interrupção dos estudos com "a demora das transferências de dinheiro efectuadas de Angola".

Segundo Luís Victorino, a AEA "tem negociado com as universidades portuguesas e instituições de ensino para que haja mais flexibilidade nos pagamentos das propinas, de modo a que os estudantes angolanos tenham a possibilidade de pagar as dívidas ou propinas em atrasos em prestações, para que não sejam impedidos de realizar os exames ou inscrições ou matrículas em anos lectivos seguintes".

Alguns estabelecimentos de ensino têm respondido "positivamente" às intervenções da AEA. Portugal, como o Instituto Politécnico de Setúbal, por exemplo, disse Luís Victorino.

O presidente da AEA destacou ainda o apoio que o Alto Comissariado para as Migrações em Portugal tem dado àqueles estudantes na "questão da legalização", porque muitos ficam impossibilitados de renovar o título de residência por falta de dinheiro.

Actualmente estudam em Portugal cerca de 4 mil angolanos, entre bolseiros, de instituições públicas e privadas, e não bolseiros e os problemas desta natureza começaram a partir de 2014/15, como o Novo Jornal online contou aqui.

O presidente da AEA acrescentou que, em média, chegam anualmente a Portugal 500 estudantes angolanos e que as áreas profissionais em que mais se destacam são o Direito e as ciências empresariais.

Este problema afecta de igual modo os bolseiros devido aos permanentes atrasos no pagamento das bolsas por parte do Governo angolano.

Governo promete resolver o problema dos bolseiros

Sobre a situação dos bolseiros, no passado dia 05 de Abril, o embaixador em Portugal, Marcos Barrica, num encontro com estudantes angolanos na Covilhã, cidade da região centro de Portugal, onde está localizada a Universidade da Beira Interior, afirmou que o Governo "está a fazer um esforço no sentido de regularizar a situação dos pagamentos dos subsídios, à luz do regulamento de bolsas de estudo externas, aprovado pelo Decreto Presidencial n.º165/14, de 19 de Junho".

Mas, na mesma ocasião, o diplomata deixou alguns recados aos estudantes angolanos que usufruem de bolsas do Estado.

Marcos Barrica, aproveitou um discurso dirigido aos bolseiros na Universidade da Beira Interior, na Covilhã, para os chamar à atenção sobre a falta de pontualidade e assiduidade que põem em risco o seu aproveitamento escolar.

Referindo-se a todos os estudantes angolanos a frequentarem instituições académicas portuguesas, o embaixador disse ser essencial "cumprir com as normas estabelecidas" de forma a garantir o êxito dos seus percursos académicos e poderem, depois, contribuir para o desenvolvimento de Angola.

"Os estudantes do ensino superior devem ter comportamentos superiores", disse Marcos Barrica, reafirmando a exigência de alteração do comportamento de alguns, porque, como também sublinhou o diplomata, é conhecido o comportamento satisfatório de muitos dos estudantes a frequentar a universidade localizada na Covilhã, centro de Portugal.