A acusação foi feita pelo vice-presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Raul Danda, em conferência de imprensa, afirmando que a Odebrecht financiou a campanha do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) por via de pagamentos directos e indirectos, classificando a operação como "ilegal, ilícita e opaca".

De acordo com o dirigente da UNITA, os pagamentos ao MPLA eram efectuados por especialistas brasileiros, envolvendo também altas figuras, entretanto detidas no Brasil, na sequência do crime de corrupção que envolve a construtora Odebrecht e ainda o ex-Presidente do Brasil Lula da Silva.

"Naquela altura, o ex-Presidente brasileiro deslocou-se a Luanda, na companhia do então presidente da Odebrecht, Emílio Odebrecht. O Presidente José Eduardo dos Santos manifestou-lhes o seu interesse em contratar o publicitário João Santana, e os seus interlocutores prontificaram-se em contactar e persuadir o publicitário a fazer a campanha do MPLA", disse.

Raul Danda referiu ainda que o publicitário brasileiro aceitou formalmente conduzir a campanha do MPLA, "acertando o custo do serviço no valor de 50 milhões de dólares", uma contratação que somente seria possível, realçou, "se o publicitário aceitasse receber o dinheiro da Odebrecht".

Segundo o vice-presidente da UNITA, o MPLA celebrou na altura dois contratos: "o primeiro de 30 milhões de dólares (26,8 milhões de euros) com a empresa do publicitário e o segundo de 20 milhões de dólares (17,8 milhões de euros) entre a mulher do publicitário e responsável da Odebrecht Angola.

"Desse valor, 15 milhões de dólares foram pagos através de uma conta 'offshore' e cinco milhões foram entregues em espécie em Angola, através de um banco comercial", acrescentou.

O candidato da UNITA a vice-Presidente da República de Angola às eleições gerais de 23 de Agosto condenou a referida operação, considerando-a uma ilicitude eleitoral e um atentado à independência nacional, à unidade nacional e à democracia política do País.

Na conferência de imprensa, o político da UNITA acusou ainda o MPLA de alegada utilização abusiva de altas patentes das Forças Armadas Angolanas e da Polícia Nacional e ainda de meios logísticos pertencentes a estes órgãos de defesa e segurança na campanha de apresentação do seu candidato às eleições de Agosto.

"Tais factos configuram uma violação ostensiva e recorrente da lei angolana, pois os militares e os polícias devem assumir-se como apartidários e assegurar uma estrita fidelidade à Constituição da República de Angola e à lei", observou.