A sextilha que abre a nova música de Aline Frazão diz: "Luz foi/ eu estava a ler Geração da Utopia/ imaginando como seria se o sonho não fosse só teoria/ acendi uma vela/ me perguntei que diria Pepetela/ será que ele ainda acredita na dita nação escolhida?"

A questão que encerra esta primeira estrofe é sucedida de uma série de constatações, com a jovem cantora a ironizar, por exemplo, as situações em que os angolanos são obrigados a abandonar a leitura para transportar bidões de água. "Não tenho braço para cruzar nem para abraçar teorias", canta Aline Frazão, que deixa no ar as seguintes perguntas: "Quem foi que desfez tudo aquilo que nós combinámos?/ Quantos anos, diz só, quantos anos mais/ para sermos todos iguais?"

Lançada na última quarta-feira, 11, em celebração aos 45 anos de Independência, Luz foi, a nova música de Aline Frazão, escrita há cerca de quatro anos, não vem a público no dia da «Dipanda» por acaso.

"Essa música é o meu protesto e a minha celebração", assume a artista, antes de explicar que se trata de uma canção que concilia protesto político com esperança e vontade de usar a efeméride de 11 de Novembro como um momento de reflexão.

"Não tenho uma bola de cristal, mas creio que muitas pessoas poderão identificar-se com esta música", considera Aline Frazão, em breve entrevista ao Novo Jornal, em que justifica a referência ao romance Geração da Utopia, de Pepetela, com o facto de o enredo deste emblemático livro convergir com algumas das perguntas feitas em Luz foi.

"Será que os mais-velhos - as pessoas da geração de Pepetela, as pessoas que lutaram pela Independência de Angola - ainda acreditam neste País? Como é que se sentem quando andam nas ruas, quando vêem as notícias, quando vêem as manifestações serem reprimidas nas ruas?", indaga a cantora.

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