Entre o que está definitivamente perdido constam peças relativas à ligação histórica entre o Brasil e Portugal, um meteorito, o maior encontrado no país, colecções de cerâmica e porcelana gregas e etruscos, e, entre 20 milhões de itens, o crânio da mulher mais antiga conhecida das américas, baptizada como Luzia.

Não são conhecidas as causas por detrás da deflagração deste incêndio, mas os media brasileiros lembram que o Museu Nacional, adstrito à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), atravessa uma forte crise financeira, que estancou trabalhos de manutenção importantes, entre estes pode estar a razão desta tragédia cultural brasileira e lusófona.

Para além do conteúdo museológico, a perda estende-se ainda ao edifício, um palacete imperial com mais de dois séculos, fundado por D. João VI, em 1818.

Este rei assumiu o trono de Portugal entre 1816 e 1822, ano em que começa a ser delineada a independência do Brasil, processo concluído em 1825, passando D. João VI a ocupar o cargo de Rei de Portugal, Brasil e Algarves, até 1826, ano em que morre, dando lugar ao seu filho D. Pedro, que passou à história como o efectivo Imperador do Brasil.

Uma boa parte da memória deste período histórico para o Brasil e Portugal estava inserida no espólio do Museu Nacional do Brasil, agora totalmente destruído pelo fogo, com excepção de um anexo, com importância histórica mas sobre o qual escasseia informação devido aos problemas que a instituição atravessa(va) desde 2014.

Não há vítimas registadas em consequência das chamas, mas o Presidente do Brasil, Michel Temer, já veio a público lamentar a imensa tragédia cultural provocada pelas chamas, que usaram uma boa parte do acervo histórico do país como pasto.

O combate ao incêndio, segundo o comando dos bombeiros do Rio de Janeiro, foi dificultado pela degradação do edifício e pela falta de água nas bocas-de-incêndio, obrigando os operacionais a recorrerem a cisternas e à água do lago dos jardins do palacete.

Mas a imprensa brasileira escreve hoje também sobre a falta de competência e treino dos bombeiros para lidar com situações desta natureza.

o reitor da UFRJ acusa directamente os bombeiros de não terem demonstrado capacidade para lidar com este incêndio, terem demorado muito e, quando o fizeram, a abordagem e o combate às chamas foi desajustada à gravidade da situação.