Na sua intervenção, na última sexta-feira, 13, a gestora considerou que "precisamos criar uma nova narrativa para África", e defendeu que "para crescer precisamos de um novo modelo económico".

A mudança, segundo Isabel dos Santos, deve privilegiar um sistema "que nos permita acomodar o crescimento populacional, dissociando-nos das limitações de recursos, e que nos permita ir ao encontro das necessidades básicas de todos".

Para a empresária, o caminho para esse "sistema mais justo, focado nas pessoas e na sustentabilidade do meio ambiente" passa pela inovação e tecnologia, ferramentas que nos vão "permitir crescer e eliminar o fosso que existe actualmente entre África e o resto do mundo".

"Precisamos de pensar nas questões ambientais e em como aproveitar e explorar de forma inteligente os recursos naturais: precisamos de energia limpa, de água limpa, de solos não poluídos...", apontou a ex-presidente do Conselho de Administração da Sonangol.

Para além de destacar a importância de corrigir os desequilíbrios na acesso aos recursos, a bilionária defendeu a aposta nas pequenas empresas e na produção local para "criarmos mais e maiores oportunidades para os africanos, num sistema mais justo que vise satisfazer as necessidades de todos e o seu bem-estar".

Convite à empresária gerou contestação

A presença de Isabel dos Santos na Conferência de Yale para a Paz e o Desenvolvimento Africano decorreu de um convite da Yale Undergraduate Association for African Peace and Development (YAAPD) - em português, associação dos estudantes de Yale para a Paz e o Desenvolvimento Africano -, gerou contestação, especialmente nas redes sociais.

Os protestos levaram mesmo os promotores da conferência a divulgar um comunicado, em que explicam os critérios por detrás da escolha de Isabel dos Santos.

"Contactámos outras instituições que também a receberam recentemente para reunir mais informações e obtivemos dados adicionais de outras fontes", adiantou a YAAPD, que admite porém que a pesquisa pode não ter sido abrangente.

Face à contestação gerada, que incluiu a partilha de links para notícias sobre as suspeitas de enriquecimento ilícito da gestora, a associação de alunos de Yale reconheceu que possa ter sido infeliz na descrição que divulgou da empresária, "apresentada de uma forma que talvez não tenha sido a mais equilibrada".

Em causa está o facto de a gestora ter surgido como uma mulher de negócios empreendedora, currículo que muitos vêem como uma fraude, por supostamente assentar no facto de ter beneficiado de milhões de dólares do erário angolano durante a presidência do seu pai, José Eduardo dos Santos.