Fonte do Ministério da Energia e Águas confirmou hoje à Lusa a inauguração do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca, no rio Kwanza, que desde o mês de Julho produz, em fase de testes, 334 MegaWatts (MW) de electricidade, com a primeira de seis turbinas.

Trata-se de uma obra a cargo da construtora brasileira Obebrecht, que ainda subcontratou várias empresas de origem portuguesa, casos da Somague Angola, Teixeira Duarte, Epos, Tecnasol e Ibergru, com mais de 250 trabalhadores.

Localizada entre as províncias do Kwanza-Norte e Malanje, aquela barragem foi encomendada pelo Estado angolano por 4,3 mil milhões de dólares, envolvendo financiamento da linha de crédito do Brasil, movimentando cerca de 9.000 trabalhadores.

A barragem será a última grande obra pública inaugurada por José Eduardo dos Santos, no poder desde 1979, e que não se recandidata ao cargo nas eleições gerais de 23 de Agosto.

Desde 11 de Março - na altura também na presença do Chefe de Estado angolano -, que o enchimento em Laúca condicionou a operação nas restantes barragens já instaladas no rio Kwanza, devido ao reduzido caudal, limitando o fornecimento de electricidade da rede pública a Luanda, por norma, a poucas horas por dia.

Em quatro meses está previsto que a barragem de Laúca atinja a quota 830, equivalente a uma albufeira com um volume de água de mais de 2.500 milhões de metros cúbicos, sendo por isso a maior em Angola.

O enchimento da barragem de Laúca só terminará em 2018, com a elevação até à quota 850, completando o reservatório na sua totalidade e permitindo a entrada em funcionamento das seis turbinas que estão instaladas e uma produção de cerca de 2.070 MW de eletricidade, mais do dobro da capacidade das duas barragens - Cambambe (960 MW) e Capanda (520 MW) - já em funcionamento no rio Kwanza.

Só em betão, esta obra envolve o equivalente à edificação de 40 estádios de futebol, 2.800 casas ou 465 edifícios de oito pisos, explicou anteriormente à Lusa fonte da Odebrecht.

A implementação dos seis geradores que vão produzir electricidade implicou a construção de outros tantos túneis subterrâneos numa extensão total de 12 quilómetros, além de um desvio do rio Kwanza.

Esta construção envolverá 30.000 toneladas de aço nas montagens eletromecânicas, o equivalente à construção de cinco torres Eiffel, além de 22.000 toneladas de cimento por mês.