Angola "à caça dos recursos" do Fundo Soberano, porque Zénu não "abriu o jogo" sobre o destino dos milhares de milhões USD, diz JLO

De acordo com o Chefe de Estado, em vez de mexermos nos recursos do Fundo Soberano, "estamos à caça desses recursos".

João Lourenço adiantou, em entrevista à Euronews, transmitida no último fim-de-semana, que o Governo tem "uma ideia de onde é que esses recursos estão", e deu como exemplos as Maurícias e a Inglaterra.

No caso mauriciano, a "caça" angolana já se traduziu no congelamento de 91 contas bancárias em nome do suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais e da sua empresa, a Quantum Global, que até ao passado mês de Abril geria 3 mil milhões dos 5 mil milhões de dólares do Fundo Soberano de Angola (FSDEA).

Já a ligação a Inglaterra ganhou projecção mediática a partir de uma transferência de 500 milhões de dólares, sob investigação na Procuradoria-Geral da República, num processo que levou à constituição de vários arguidos, com destaque para o antigo governador do Banco Nacional de Angola, Valter Filipe, e para o ex-presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano, José Filomeno dos Santos, "Zénu".

Em relação a Zénu, João Lourenço avançou, na entrevista à Euronews, que as informações que transmitiu ao seu sucessor na liderança do Fundo, não foram satisfatórias.

"O normal seria no acto de passagem de pastas de um conselho de administração para o outro, o anterior conselho de administração abrir o jogo de forma transparente e dizer onde é que esse recursos estão. Isso não aconteceu, ou se aconteceu não foi convincente", disse o Presidente da República.

Exonerado do Fundo Soberano em Janeiro, o filho do ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos foi afastado, segundo o Ministério das Finanças, pela "falta de transparência" detectada na instituição.

Cerca de três meses depois da saída de Zénu, a nova gestão anunciou a ruptura com o seu "homem-forte": Jean-Claude Bastos de Morais.

A instituição explicou, no passado mês de Abril, que "está a tomar as medidas adequadas para remover a Quantum [Global] da condição de gestora dos seus activos", por considerar que os investimentos que têm sido realizados pela empresa não estão totalmente em linha com os princípios que motivaram a criação do FSDEA.

"O objectivo da criação do FSDEA era investir as receitas petrolíferas de Angola para o futuro do povo angolano, e estabelecer um legado para além da produção de petróleo", sublinhou a instituição em comunicado.

Admitindo ter "grandes preocupações sobre a forma como a Quantum Global investia os seus recursos", deixando a desejar, por exemplo, no domínio da transparência, o FSDEA garante que "está agora a trabalhar para garantir que os propósitos dignos e nobres subjacentes à sua criação sejam cumpridos".