"Há várias coisas que Angola pode fazer. Uma delas passa por aumentar a capacidade do seu sistema produtivo, porque fazer subir os preços não é o caminho", defendeu Albert Zeufeck, em declarações à agência Lusa à margem dos Encontros Anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial que se realizam até domingo em Bali, na Indonésia.

"Três das maiores economias africanas, Angola, Nigéria e África do Sul, estão a abrandar o crescimento económico de África", salientou.

"Há também um problema com a dívida, que precisa de ser respondido", à semelhança do que acontece em Moçambique, acrescentou, esclarecendo, contudo, que os casos são diferentes nos dois países.

Antes, num debate sobre o desempenho económico africano, Albert Zeufeck tinha alertado para o facto de só nos primeiros quatro meses do ano os países africanos terem emitido mais títulos de dívida soberana sob a forma de "eurobonds" do que em todo o ano passado.

"Não seria um problema se a dívida fosse suportável e se o investimento posterior fosse eficiente", indicou.

Em 13 de Julho o Presidente da República, João Lourenço, autorizou o ministro das Finanças, Archer Mangueira, a "executar as acções e implementar as medidas necessárias" para a "concretização do financiamento externo adicional até ao montante de 500 milhões de dólares", em 'eurobonds'.

O objectivo é acrescentar cerca de mais 426 milhões de euros à emissão de mais de mil milhões de euros, datada de início de Maio, cuja maturidade é de 30 anos.

Actualmente, o Governo angolano está a negociar um programa de apoio solicitado ao FMI, cujo acordo o ministro das Finanças disse na sexta-feira em entrevista à agência Lusa esperar estar concluído até Dezembro e que arranque no início do exercício fiscal.

Sobre o valor total do apoio a ser concedido pelo FMI, Archer Mangueira disse agora à Lusa que ainda não existe ainda um valor acordado: "Estamos ainda na fase de definir metas, de definir objetivos, [de] combinação de políticas e, depois, certamente, (...) será definido também o montante".

Em 20 de Agosto, num comunicado, o Ministério das Finanças indicou ter solicitado "o ajustamento do programa de apoio do FMI, adicionando-se uma componente de financiamento" na missão que a instituição financeira efectuou a Luanda entre 01 e 14 do mesmo mês.

A informação prestada, então, era de que Angola pretendia obter um empréstimo de 4,5 mil milhões de dólares, repartidos em três tranches iguais ao longo de outros tantos anos.

No arranque dos Encontros Anuais em Bali, o FMI reviu em baixa as previsões para Angola, prevendo agora uma ligeira recessão de 0,1% para este ano, o terceiro consecutivo de crescimento negativo, e estimou um crescimento de 3,1% em 2019.

"Em Angola, o segundo maior exportador da África Subsariana, o PIB real deve encolher 0,1% em 2018, seguindo uma recessão de 2,5% em 2017, mas projectamos que cresça 3,1% em 2019, com a recuperação a ser alimentada por um sistema de alocação da moeda externa mais eficiente e mais disponibilidade de moeda externa devido à subida dos preços do petróleo", escrevem os peritos do FMI nas Previsões Económicas Mundiais.