Corrigir o que está mal em Angola passa por investir em capital humano e prosseguir com os esforços de diversificação, reduzindo a vulnerabilidade da economia aos preços petrolíferos, para que o país possa integrar o grupo dos estados de rendimento médio em 2021, considera Federico Bonaglia, director adjunto do Centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Em entrevista à agência Lusa, à margem da apresentação da edição portuguesa do relatório "Perspectivas Económicas em África 2017: Empreendedorismo e Industrialização", que decorreu em Lisboa, o responsável sublinhou que Angola precisa "usar melhor as receitas geradas pelo petróleo nos últimos anos".

Confiante na introdução de novas abordagens políticas pela Presidência de João Lourenço, Federico Bonaglia lembra que as políticas do passado falharam, fracassando no objectivo de reduzir a pobreza.

"O que esperamos em Angola é que a nova liderança aprenda com esta situação anterior e invista mais na construção das ligações entre o sector extractivo e o resto da economia, e também melhore a capacidade dos cidadãos participarem na governação do país e na melhoria da qualidade das instituições", disse o director adjunto do Centro de Desenvolvimento da OCDE.

Federico Bonaglia alertou também para o facto de o crescimento angolano continuar concentrado em sectores que não geram emprego. "Significa que mesmo que a economia cresça, não vai ter um "efeito-cascata" até aos cidadãos de forma a reduzir a pobreza", apontou.