Esta informação foi prestada ao NJOnline por Emanuel da Costa, coordenador dos comissários e assistentes de bordo, que falou em nome do grupo de trabalhadores dos Transportes Marítimos de Angola - TMA.

Segundo Emanuel da Costa, os funcionários paralisaram os trabalhos pelo facto de estarem há quase um ano sem salários e pela falta de condições para trabalharem nas embarcações.

"Não temos condições de trabalho e não podemos continuar a andar com essas embarcações no estado em que estão, porque qualquer dia corremos o risco de ficar com passageiros no mar e sem salvamento", disse Emanuel da Costa, acrescentando que a última embarcação sai do Porto de Luanda às 17h e chega ao embarcadouro do Mussulo às 19 horas, "quase sem iluminação".

O coordenador dos comissários e assistentes de bordo da TMA Express disse ainda que, desde Outubro, várias cartas já foram enviadas ao ministro dos Transporte, Ricardo de Abreu, e à direcção do Instituto Marítimo e Portuário de Angola (IMPA), todas sem resposta.

"Desde que a Transportes Marítimos de Angola foi fundada, em 2014, nunca recebemos salários regulares", lamentou.

Os funcionários sublinham que trabalham diariamente e cumprem com as obrigações. "Temos famílias a sustentar, muitos de nós somos apoiados pelas esposas, na sua maioria zungueiras, queremos os nossos salários", exigem.

Os trabalhadores queixam-se também da falta de sensibilidade da direcção da empresa, alegando que a mesma não permite que criem uma comissão sindical.

"Somos ameaçados de despedimento caso ousemos criar uma comissão sindical que defenda os nossos direitos", contam, garantindo que a greve não tem como objectivo encurralar o Ministério dos Transportes, Instituto Marítimo e Portuário de Angola e a TMA.

"Nós estamos a realizar essa paralisação porque não admitimos e não aceitamos uma escravatura moderna", sublinham.

Sobre o assunto, o NJOnline contactou a direcção da Transportes Marítimos de Angola para os devidos esclarecimentos mas não obteve resposta.

Já o director do Instituto Marítimo e Portuário de Angola (IMPA), Manuel Nazareth Neto, afirmou que a situação está a ser tratada em fórum próprio, escusando-se a prestar mais comentários.