Em resposta ao comunicado divulgado ontem, 3, pela Sonangol, no qual a petrolífera nacional rejeita qualquer responsabilidade na falta de combustível que levou à paralisação da Fábrica de Cimento do Kwanza-Sul (FCKS), a direcção da cimenteira afasta a ideia de que a interrupção dos trabalhos se deve a debilidades de gestão.

"A FCKS iniciou a sua produção em 2014, tendo como uma das suas principais premissas de viabilidade a aquisição do combustível HFO a um preço de 25 Kz/kg, comprometido por contrato assinado com a Sonangol", revelam os gestores da fábrica, acusando a petrolífera de violar o acordo.

Segundo a mensagem divulgada pela FCKS, à qual o Novo Jornal Online teve acesso, após seis meses do início das operações, a Sonangol subiu os preços de HFO de 25 para 50 Kz/Kg, voltando, num espaço de quatro meses, a impor um novo aumento, para 91 Kz/kg.

A direcção da cimenteira explica que "no compromisso com o mercado em não protagonizar subidas massivas do preço do cimento", a empresa optou por suportar os custos do aumento do preço do combustível, situação que se tem traduzido num cúmulo de perdas financeiras.

De acordo com a fábrica, só nesse cenário é que se deu a paralisação dos trabalhos, em Dezembro de 2016.

"A situação de degeneração da condição financeira da empresa tem a sua origem na especulação do preço de combustível o que é económica e financeiramente inviável e na subsequente suspensão do abastecimento do combustível de que se verificou desde Setembro de 2016", sublinha a FCKZ, desmentindo a informação veiculada pela Sonangol, de que a unidade industrial carece de infra-estruturas de armazenamento.

"A cimenteira é dotada de um complexo industrial de tecnologia de ponta e dentre as várias unidades, possui ainda um tanque de armazenamento de combustível com a capacidade de 10.000 toneladas. Saliente-se que esta quantidade de combustível tem uma autonomia para cerca de 22 dias de produção", lê-se no comunicado.

A FCKS esclarece igualmente que o projecto de construção da fábrica beneficiou de um financiamento Internacional intermediado pela Sonangol, mas garante que a petrolífera nacional informou, em 2014, que havia passado a dívida para o Estado.

"Por conseguinte, a Sonangol não mais é credora da FCKS, o que é facilmente constatável através dos seus relatórios de análise de contas", adianta a direcção da empresa.

A cimenteira acrescenta ainda que "está em negociações amigáveis e construtivas com o Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos e o Ministério da Construção, com vista à retoma do abastecimento do Combustível HFO", prevendo retomar a actividade num prazo de 50 dias.