Segundo o CIJI, que ganhou fama mundial a partir da divulgação de milhares de documentos que lançaram suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais sobre várias figuras públicas - conhecidas pelos escândalos "Panama Papers e "Paradise Papers" -, a Suíça está a rastrear operações financeiras envolvendo Angola.

"O ministro da Justiça da Suíça confirmou ao CIJI ter aberto um inquérito por branqueamento [de capitais] no passado mês de Abril, na sequência de alegações envolvendo "certas pessoas" ligadas ao banco central angolano e ao Fundo Soberano de Angola", avança o site do Defi Media Group, das Maurícias.

Recorde-se que as duas instituições angolanas estão no centro de uma investigação por suspeitas de desvios de fundos públicos, desencadeada a partir de uma transferência ilegal de 500 milhões de dólares.

O portal adianta que, para além de iniciarem essa investigação, as autoridades suíças decidiram reforçar as leis de combate ao branqueamento de capitais, endurecendo as obrigações fiduciárias das sociedades que participam na criação e gestão de empresas e trusts.

Uma das mudanças previstas visa identificar os beneficiários dessas sociedades, indica o Defi Media Group, acrescentando que essas diligências foram desencadeadas pelas revelações dos Paradise Papers.

Recorde-se que esta investigação assentou numa gigantesca fuga de informação, com a exposição de mais de 13 milhões de ficheiros de uma firma de advogados, a Appleby, que tinha nos seus arquivos os "truques" de milhares de pessoas e empresas abrangendo o período entre 1950 e 2016 para "pouparem" nos impostos devidos, ou ainda a Asiaciti Trust, de Singapura, ambas com escritórios e representações nos mais importantes paraísos fiscais do mundo.

De acordo com os documentos expostos, Jean-Claude Bastos de Morais, uma das figuras visadas está a "fazer fortuna com os milhões do povo angolano".

No centro do escrutínio está a gestão dos activos do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), até recentemente confiada em 85%, à Quantum Global, empresa fundada e presidida por Bastos de Morais, cuja relação com José Filomeno dos Santos, ex-presidente do conselho de administração do FSDEA, foi apontada como um indicador das fragilidades do Fundo Soberano.