O exemplo mais evidente da crise que a Lactiangol atravessa é na produção de leite que caiu de 400 mil litros por semana para os actuais cinco mil, disse hoje ao Novo Jornal Online o presidente do Conselho de Administração.

José César Macedo admitiu que a empresa que dirige está "praticamente parada" desde Janeiro último por falta de matéria-prima e outros consumíveis para a produção, porque a política financeira da atribuição de divisas que estar ser praticada no País pelo Banco Nacional de Angola "está apenas a beneficiar o sector do comércio em detrimento do sector industrial".

"Infelizmente, o modelo aplicado na gestão das divisas fez com que a fábrica de produção nacional fique sem solução, porque as divisas estão a ser todas direccionadas para o sector comercial para importar leite", sublinhou.

Face a este cenário, José César Macedo admite mesmo que possam, em breve, começar a ser despedidos trabalhadores da Lactiangol.

O PCA da Lactiangol salientou que face a esta situação, onde o número que mais evidência o problema é a diminuição na produção de leite de 400 mil litros para apenas cinco mil por semana, a empresa "está neste momento numa situação desesperada" apesar de ter feito "um grande investimento, na ordem dos 27 milhões de dólares, para responder a demanda do mercado nacional".

"Angola não pode viver de importar tudo feito, tem que fazer a sua própria transformação de matérias-primas em produtos acabados. E isso só é possível se nos darem divisas para podermos trabalhar", apontou.

O presidente do conselho de administração da Lactiangol disse ainda que à medida que o tempo passa esta em risco tudo, "porque sem produzir não se vai a lado nenhum".

"Se não nos permitem o acesso às matérias-primas para podermos criar riqueza no país é evidente que a situação tem de se degradar. Se não nos atribuírem divisas, corremos sérios riscos nos próximos tempos", afirmou.

"É lamentável que a pauta aduaneira não proteja de maneira nenhuma a indústria nacional, porque o leite importando ficou isento de qualquer imposto e isso quer dizer que o leite feito noutros países têm benefícios em relação ao produzido no país", acrescentou o presidente do conselho de administração da Lactiangol.

A Lactiangol foi criada em 1994, resultando da privatização da antiga Central Leiteira de Luanda, e tem hoje cerca de 300 trabalhadores.