Numa análise publicada no Financial Times, e citada pelo jornal português Negócios, o especialista da Alaco antevê o reforço da presença chinesa na economia angolana.

"Numa altura em que João Lourenço vira atenções para a diversificação económica, a China pode tirar partido da crescente dívida angolana para garantir maiores participações em projectos", aponta Yigal Chazan, alertando também para o facto desse endividamento, que no final do ano passado ultrapassava os 21,5 mil milhões de dólares, estar indexado ao petróleo.

O analista lembra que à semelhança do que poderá acontecer em relação a Angola, a China obteve negócios de construção de infra-estruturas portuárias em condições extremamente favoráveis em países que lhe deviam milhões, como o Paquistão e o Sri Lanka.

A agravar as previsões junta-se a negociação, em curso, de um crédito adicional de 4,4 mil milhões de dólares, bem como a percepção de que os pagamentos feitos por Angola estão também indexados aos custos do petróleo, que apresenta uma tendência de subida desde Junho de 2017.

Riscos somados, "com o acumular de dívidas angolanas, novos empréstimos para a diversificação económica podem empurrar Luanda para mais perto da bancarrota", avisa o analista da Alaco, acrescentando que a China não sai ilesa do negócio.

"Como o petróleo é usado como colateral no crédito chinês, a actual quebra de produção de Angola, aliada à pressão de crescentes exigências de pagamento, pode abrandar ou interromper o fornecimento à China, o principal mercado do crude angolano", assinala Yigal Chazan.