Perante mais uma semana com início pouco animador, o ministro russo da Energia, Alexander Novak, na segunda-feira resolveu intervir, e, depois de puxar o travão de mão, acelerou na resposta aos mercados, sublinhado que estes estão equilibrados e que o problema que o excesso de oferta dos últimos meses foi esbatido e agora é o equilíbrio que sobressai.

E já hoje, terça-feira, quando os mercados tinham tudo para resvalar com algum impacto, o anúncio de novos estímulos à economia nos Estados Unidos da América permitiu almofadar a queda e os mercados de primeira linha, Brent e WTI, apesar de se ressentirem, estão a mostrar alguma resiliência.

Isto, depois de a última reunião da OPEP+, há duas semanas, o organismo que junta os Países Exportadores (OPEP), que inclui Angola, e os 10 não-alinhados liderados pela Rússia, ter voltado a exercer pressão junto dos "associados" para que cumpram as suas quotas no programa de cortes, embora sem mexer nos valores actualmente em vigor - menos 7,7 milhões de barris por dia (mbpd) -, levando a um ligeiro alívio na pressão gerada pela pandemia.

No entanto, com o correr dos dias, e com o recrudescimento dos números da Covid-19, com novos confinamentos em curso na Europa, Índia, EUA... e com o regresso das exportações líbias, que estavam suspensas devido ao conflito armado interno, os preços têm estado na corda bamba com um claro sentido descendente.

Mas Alexander Novak veio colocar água na fervura, apesar das evidências sobre o avanço da pandemia, o que esteve, recorde-se, na origem da vertiginosa crise que no primeiro trimestre de 2020 levou o barril, tanto de Brent, como no WTI de Nova Iorque, a valores historicamente baixos, tendo mesmo nos EUA chegado aos 40 negativos em Abril.

O responsável russo entende que não existe, para já, outro cenário de relevo que não seja o que os gráficos mostram, um equilíbrio entre a oferta e a procura, com ligeiras quedas seguidas de recuperações de igual magnitude, ou o inverso.

Assim, o Brent, em Londres, está hoje a cair 0,57%, para os 42,13 USD por barril, relativo aos contratos de Novembro, enquanto o WTI, à mesma hora, cerca das 09:45, mas para contratos para Outubro, estava a resvalar 0,64%, para os 40,29 USD/barril.

Mas no horizonte nem Novak nem a OPEP+ conseguem diluir a imagem crescente da pandemia, que acaba de passar os 33 milhões de casos em todo o mundo, com um milhão de mortos, o que, a prazo, se não surgir um tratamento eficaz e rápido, vai esmagar o preço do barril num e noutro lado do Atlântico.

Isso mesmo admitiu o ministro russo da Energia, que, ao mesmo tempo que sublinhava o restauro do equilíbrio nos mercados, admitia, citado pela Reuters, que a COvid-19 é uma séria ameaça a esse mesmo equilíbrio.

Outra das ameaças é a que surge do comportamento de alguns dos membros da OPEP, que estão claramente a exportar mais que aquilo que deviam, segundo os acordos vigentes, como é o caso do Irão, do Iraque, da Líbia, e era, até há escassas semanas, o caso de Angola e da Nigéria.

Angola, em claro declínio da sua produção, atravessa um dos períodos mais nefastos da sua história de país produtor, porquanto, a par da degenerescência da sua infra-estrutura, como o envelhecimento de campos, a ausência de pesquisa e o atraso na abertura de novos blocos, apesar da esforço do Governo na criação de legislação mais amiga dos investidores, está actualmente longe da sua produção dos últimos anos, quedando-se pelos cerca de 1,29 mbpd.