Esta garantia foi dada pelo presidente da petrolífera italiana, Claudio Descalzi, após uma audiência com o Presidente da República, João Lourenço, que teve lugar na quarta-feira, e onde ficou claro que a ENI, nos últimos meses, aumentou a sua produção diária em Angola na ordem dos 50 mil barris.

Com presença contínua no sector petrolífero angolano desde a década de 1980, a ENI tem feito avultados investimentos no país na última década e, com as profundas alterações que o Executivo está a fazer no sector do petróleo e do gás natural, nomeadamente nos incentivos à pesquisa e à exploração em áreas até aqui consideradas desinteressantes pelas multinacionais, os chamados campos marginais - com menos de 300 mil barris de potencial -, a petrolífera italiana mostra estar interessada em integrar o pelotão da frente da extracção no país.

Para já, como ficou clara nesta visita de Descalzi a Angola, em conjunto com a Sonangol, concessionária, a ENI vai, como ficou plasmado numa adenda ao contrato original, assinada na quarta-feira, aumentar de forma significativa á área de perfuração e exploração do bloco 15/06, no offshore angolano, e reforçar a parceria na área técnica, com destaque para a manutenção da refinaria de Luanda.

No mesmo momento, a ENI reafirmou a sua decisão de aumentar a presença em Angola, com destaque para a procura, como a tutela do sector deseja, de novos locais com potencial comercial de exploração, como sucedeu este ano, com petrolífera italiana a juntar-se aos franceses da Total na linha da frente de novos poços a contribuir para a produção bruta nacional, através do Kalimba-1, incluindo no Bloco 15/06, bloco de águas profundas, a 150 kms da costa do Zaire, cujo potencial se situa entre os 250 e os 300 milhões de barris e uma produção diária inicial na ordem dos 5 mil barris que deverá ser elevada para mais de 50 mil.

No conjunto da infra-estrutura produtiva que a ENI gere em Angola, segundo a página oficial da petrolífera italiana, em 2019 estarão a sair das plataformas mais 170 mil barris por dia a acrescentar a sua produção total.

A ENI, a par dos franceses da TOTAL, com o projecto Kaombo, é a petrolífera que mais sinais tem dado de querer seguir o caminho que está a ser definido pelo Executivo para fazre crescer a produção petrolífera nacional.

Todavia, com a incerteza nos mercados, onde as oscilações no preço do barril, como se verificou nas últimas semanas, têm sido a norma, para as multinacionais permanece um elevado risco voltar a investir em força em Angola, especialmente na recuperação das infra-estruturas semi-abandonadas e dos planos para pesquisa de novos poços, por causa da crise que começou em meados de 2014, com a queda abrupta do valor do crude nos mercados internacionais.

Mas, com os incentivos fiscais e legais cada vez mais pronunciados criados pelo Governo, e com a reestruturação em curso na Sonangol, como fica claro com as opções recentes da ENI e da Total, as multinacionais começam a repensar a sua estratégia para Angola, mesmo que isso ainda esteja dependente daquilo que for a evolução do valor do crude para os próximos anos.

Seja como for, as estimativas existentes, elaboradas pela Agência Internacional de Energia (AIE), no seu relatório para 2018, publicado em Março desde ano, a produção angolana deverá cair consideravelmente até 2023, ano em que o país estará a produzir apenas 1,29 milhões de barris por dia, contra os actuais 1,4/1,5 milhões de barris por dia.