Inaugurado em 2015, no âmbito do Programa Nacional de Urbanismo, o mercado do Mutundo dispõe de 5.224 bancadas para as vendas de produtos alimentares e industriais diversos, das quais 1.248 destinadas aos vendedores de produtos perecíveis. A infra-estrutura, construída de raiz, ocupa uma superfície de 61 hectares entre a EN 120 e o rio Nangombe.

O mercado alberga armazéns, bancos comerciais, creches, balneários públicos, parque de estacionamento, espaços verdes, posto médico, lojas, administração, padaria, matadouro e um refeitório para os trabalhadores, assim como uma área coberta de 14 mil metros quadrados, que abrange outras áreas do mercado.

Com mais de cinco mil vendedores, cadastrados pela administração do mercado, a praça do Mutundo - que é também tratada como "a bolsa de valores da região sul" - possui boa higiene e facilidade de acessos. Nele vende-se de tudo um pouco, desde os bens alimentares aos industriais. A maioria dos vendedores é proveniente do antigo mercado informal do Tchioco, que foi destruído para dar lugar a outros projectos, precisamente como aconteceu com o Roque Santeiro, no Sambizanga, em Luanda.

O Mutundo é o maior e o melhor mercado da região sul, e recebe diariamente mais de 15 mil pessoas. O mercado tem uma entrada muito parecida com a praça do km 30, em Viana, nos musseques de Luanda, onde boa parte da população da capital angolana ganha o seu sustento ou compra comida mais barata para a família.

José Prego Chitongo, administrador do mercado, disse ao Novo Jornal Online que no Lubango o maior problema consiste na falta de energia da rede pública, que ainda não chegou àquela zona.

"A grande dificuldade que temos centraliza-se na falta de energia eléctrica da rede pública", declarou. "Nesta altura dependemos de energia alternativa que vem de um privado, porque o nosso gerador se estragou".

Quanto à via do acesso do mercado, o responsável garantiu que há já um convénio com uma empresa privada, responsável pela reparação e manutenção de terraplanagem daquela via. E também "há um projecto futuro de asfaltagem desta via para ser uma alternativa tanto para quem sai da EN 120 como para o município da Narimba".

O responsável do mercado disse ainda que há poucos meses havia dificuldades no abastecimento de água por falta de energia, mas que essa situação ficou resolvida também com a parceria que mantém com a empresa que fornece energia através do geradores.

José Prego Chitongo reconhece que o mercado que dirige é uma fonte alternativa de arrecadação de receitas do GPH e é uma das maiores empregadoras da região.

"Só no mês passado (Outubro) arrecadámos cerca de 6.600.000 kz (seis milhões e seiscentos mil kwanzas) e não estamos abaixo desse valor mensal", afirma, ao mesmo tempo que refere a necessidade de aumentar o número de fiscais - 14, actualmente, incumbidos de efectuar a cobrança de 150kz por dia e por vendedor.

No mercado existe um centro médico que funciona há quase um ano e atende diariamente mais de 20 pacientes com diversas patologias e que serve toda a população da zona.

Segurança e trabalho infantil preocupam

Outra questão que preocupa o administrador José Chitongo tem a ver com a segurança, do mercado.

"Temos uma empresa de segurança que trabalha juntamente com a polícia, mas infelizmente existem apenas três efectivos da polícia para controlar mais de 5.000 vendedores neste mercado", lamentou.

No mercado do Mutundo existe um número considerável de crianças menores de 10 anos, que não estudam e se dedicam a comercializar diversos produtos, situação que preocupa o administrador do mercado: "Estamos preocupados, porque há mais de 100 crianças aqui, que não estudam.

Já interpelei muitas dessas crianças e muitas diziam que estudavam de tarde, outras de manhã, quando a verdade é que não estão na escola", afirmou.

"Já levámos à questão aos órgãos superiores da província da Huíla, e estamos a espera que haja uma resposta da parte do INAC para assegurar o futuro destas crianças", explicou.

Segundo José Prego Chitongo, o estacionamento é um grande problema devido à falta de policiamento, visto que só há três polícias a trabalhar no mercado, o que provoca algumas situações de desordem já que o número de clientes do Mutundo tem vindo a aumentar, como vários vendedores disseram ao NJ Online.

Loide dos Santos, de 28 anos, vende roupa e tecidos do Congo, e diz que o negócio tem sido bom naquele mercado, face à procura do produto.

Também Marta Tchwoco diz que a praça é boa e bonita, mas lamenta a falta de policiamento no mercado: "Tem já muitos bandidos aqui, parece que estamos em Luanda", diz, sorrindo.

Jamba Jamba é um dos vendedores que compra telefones na China e vem comercializar no Mutundo "porque há compradores de várias províncias, sobretudo do Cunene".

Com cerca de 15 mil visitantes por dia, o mercado do Mutundo é considerado como a "bolsa de valores da região sul". Ali vende-se de tudo, e é muito visitado pelas populações das vizinha Zâmbia e Namíbia.