O acordo, que pressupunha que Angola recebe-se de volta os kwanzas utilizados na Namíbia a troco de dólares, teve curta duração, acabou mesmo no final de 2015, devido ao gigantesco fluxo da moeda nacional para o outro lado da fronteira.

Mas, pelo caminho, ficou uma dívida de quase 400 milhões de dólares que o Governo de Luanda se comprometeu a pagar por tranches.

Até ao momento, o Banco da Namíbia já recuperou pelo menos 100 milhões de dólares norte-americanos, tendo a última parcela sido entregue em Julho último no valor de 51 milhões USD.

Agora, o Presidente namibiano, Hage Geingob, quando discursava numa cerimónia pública na cidade de Oshikango, próximo da fronteira com Angola, e uma das áreas onde os angolanos mais aproveitaram as oportunidades proporcionadas pelo acordo cambial, disse que Angola vai cumprir comas suas obrigações e pagar toda a dívida "ao longo do próximo ano".

"Angola tem cumprido com o acordo e vai pagar, como tem feito até aqui, a dívida que resta em dólares norte-americanos, apesar das dificuldades financeiras que atravessa, tal como a generalidade dos países. Vai pagar tudo o resta em 2018", disse o Presidente Geingob, citado pela imprensa namibiana.

Recorde-se que o acordo cambial, cujo objectivo era, inicialmente, facilitar, em ambos os lados da fronteira, a utilização das respectivas moedas nacionais, foi abruptamente interrompido quando o Banco da Namíbia (BN), apenas seis meses depois de entrar em vigor, deu conta que estava a acumular muitos milhões de kwanzas porque os angolanos, impedidos de usar a sua moeda fora de portas e porque o acesso a divisas já era, então, um pesadelo, correram desenfreadamente para a Namíbia com os bolsos cheios de kwanzas a comprar tudo e em todo o lado.

Esta situação levou a eclosão de problemas entre o BN e os empresários afectados pela entrada em grandes quantidades de kwanzas no país, acusando o acordo de ser responsável pela crise de liquidez que a economia da Namíbia sofreu.

Desde então que algumas organizações namibianas exigiam a devolução do dinheiro por parte de Angola, que, afectada por uma grave crise de divisas, falhou alguns pagamentos acordados, levando a que, já em finais de 2016 e início de 2017, os dois bancos nacionais tivessem reunido amiúde para debelar o problema, nomeadamente através de um reescalonamento dos pagamentos.

Neste discurso público, fez menção a essas acusações e críticas por parte de organizações de empresários e populares, afirmando que não é verdade que Luanda esteja em falta com a sua palavra.

"A comunidade de negócios tem afirmado que Angola tem estado a roubar a Namíbia por causa desta situação, mas deixem-me ser claro: eles estão a pagar", disse Hage Geingob.

No entanto, as próprias autoridades namibianas, como é o caso do Governador do BN, Ipumbo Shiimi, no ano passado, chegou a dizer que as pessoas que criticaram o acordo por casua da dívida estavam enganados tendo em conta que os comerciantes namibianos das cidades fronteiriças "teriam sofrido muito mais devido à crise em Angola" porque as pessoas não teriam podido passar a fronteira para fazer compras, o que poderia até criar uma crise económica na região.

Na altura em que a dívida foi renegociada, não foi divulgado o valor das tranches acordadas de novo, mas antes deste reescalonamento, as tranches eram de 20 milhões USD por mês.