O secretário do Estado para os Recursos Florestais, André Moda, garantiu que, após a construção e entrada em funcionamento dos entrepostos, nenhum produto florestal destinado à exportação poderá sair sem antes passar por uma dessas estruturas para efeitos de fiscalização e certificação junto o Instituto de Desenvolvimento Florestal, Administração Geral Tributária, Comércio e Polícia Fiscal"

O secretário de Estado, que falava no acto de lançamento da primeira pedra para a construção do entreposto no Moxico, lembrou que está ainda prevista a construção de outros cinco entrepostos, desta feita nas províncias de Luanda, Bengo, Cunene, Kuando Kubango e Cabinda.

André Moda, que acrescentou que o serviço vai obrigar as empresas de exploração de madeira a respeitar os trâmites legais impostos ao corte e comercialização da madeira, afirmou que os entrepostos vão reunir equipas de fiscalização do IDF, efectivos da Polícia Fiscal, do Comércio e da Administração-Geral Tributária.

No início de Setembro, o director-geral do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF, Simão Nzau, adiantou, em declarações à Rádio Nacional, que as novas estruturas vão concentrar a actividade de fiscalização da exploração de madeira, até aqui dispersa por vários pontos ao longo das vias de circulação.

Para além da função fiscalizadora, os entrepostos "terão a missão de preparar a madeira destinada à exportação", facilitando a "tramitação dos processos destinados à exportação", uma vez que nesses espaços "vão estar todos os serviços que concorrem para o licenciamento", esclareceu o director-geral do IDF.

Recorde-se que, nos últimos meses, têm surgido vários alertas para a urgência da regulação do sector.

De acordo com um estudo apresentado na Universidade de Oxford, no Reino Unido, Angola vai perder a totalidade das suas florestas virgens, em escassos 20 anos, se o ritmo de abate e destruição permanecer semelhante ao actual.

O fenómeno é agravado pelo negócio de venda de licenças de exploração de madeira, reconhecido pelo próprio Executivo.

O Governou acusou, no ano passado, empresários angolanos de solicitarem autorizações para o exercício da actividade apenas com a intenção de as poderem ceder a empresários estrangeiros, sobretudo chineses e vietnamitas.

A denúncia ouviu-se durante a 1.ª Conferência Nacional sobre Florestas, que decorreu em Julho de 2017, em Luanda. De acordo com o ministro do sector, Marcos Nhunga, a fraude com as licenças de exploração florestal "só beneficia os estrangeiros", evidenciando a necessidade de se disciplinar o sector madeireiro. "

Temos que impor regras", reforçou o governante, assinalando, por exemplo, que a maior parte dos países não exporta a sua madeira em toro".