O entusiasmo pelo regresso do BPC Salário depressa deu lugar à desconfiança, com os professores a questionarem a efectivação da medida, anunciada no passado mês de Maio, no âmbito da assinatura de um acordo de cooperação entre a instituição bancária e o Ministério da Educação (MED).

Na altura, o presidente do Conselho de Administração do BPC, Alcides Safeca, explicou que o acto representava o reinício do processo de concessão de crédito pelo banco, numa fase inicial limitado a funcionários de instituições com as quais celebrem protocolos, processo iniciado pelo MED.

No entanto, quase quatro meses depois de o compromisso ter sido rubricado, a instituição está a ser acusada de não cumprir com a palavra, deixando os pedidos de financiamento sem resposta.

"A verdade é que até hoje nenhum professor que remeteu a documentação para receber o salário adiantado recebeu um único tostão na sua conta", garante ao NJOnline, a partir da província do Namibe, uma das vozes do descontentamento.

Segundo a fonte, que falou sob anonimato, depois dos gastos efectuados para solicitar o financiamento - nomeadamente ida ao notório para reconhecer a assinatura -, e mais de um mês decorrido desde a entrega da documentação, o BPC continua a não dar qualquer previsão para a conclusão do processo.

"O banco alega falhas no sistema ou problemas no comité de liquidez e sei lá mais o quê", refere a mesma fonte, para quem o anúncio da retoma do BPC Salário "era apenas uma coisa para inglês ver", ou, como se diz popularmente, "conversa para boi dormir".

Em resposta a estas reclamações, Manuel Júnior, director da Direcção de Marketing e Imagem do banco estatal, garante que o o BPC Salário está a ser implementado "de acordo com o calendário de lançamento do produto".

Em declarações ao NJOnline, o responsável explica que, nos termos do acordo rubricado com o MED, "devem ser igualmente assinados protocolos com as Direcções Provinciais da Educação e, no caso da província de Luanda, também com as Direcções Municipais da Educação".

O processo, continua Manuel Júnior, decorre de forma faseada, tendo em conta "a realidade actual do banco". O director acrescenta que o BPC "tem vindo a trabalhar na formalização dos protocolos com as Direcções Provinciais e Municipais da Educação e na implementação do produto para poder responder de forma eficiente e célere as solicitações dos seus clientes".

Namibe na dianteira do processo, Luanda é a província que se segue

Nesse âmbito, a instituição já disponibilizou o BPC Salário aos "professores do ensino primário de todos os municípios da província do Namibe", onde existem processos de crédito em fase de análise e aprovados.

Manuel Júnior não adiantou se os processos aprovados já se traduziram no desbloqueio de verbas, avançando apenas que a província de Luanda será a próxima beneficiária desse crédito.

"Já foi assinado o protocolo com a Direcção da Educação do Município de Belas, estando a decorrer a comercialização do produto aos respectivos professores. Relativamente aos demais Municípios da Província de Luanda, está em curso o processo de formalização com as respectivas Direcções Municipais, estando para breve a assinatura do Protocolo referente ao Município de Luanda", clarificou.

"Por outro lado, decorrem as acções para o lançamento do produto nas demais províncias, devendo ocorrer em breve nas províncias de Cabinda, Cunene e Lunda-Norte", complementou o responsável.

Enquanto isso, os planos de implementação do BPC Salário continuam a suscitar reclamações no Namibe.

Fonte do NJOnline adianta que junto da agência Welwitschia do BPC, a informação prestada pelo gerente foi de que até ao final desta semana os primeiros 100 pedidos aprovados veriam o dinheiro depositado nas contas, situação que, até à tarde desta sexta-feira, 14, não se tinha verificado.