Ao longo de seis páginas, organizadas em nove pontos, a Sonangol disseca as informações apresentadas por Rafael Marques no artigo "Os salários e honorários secretos da Sonangol", publicado na passada segunda-feira, 20.

"São repetidos e recorrentes os ataques, falsas acusações e mentiras sobre a Sonangol e a Engenheira Isabel dos Santos publicadas no website Maka Angola", assinala a petrolífera nacional no extenso comunicado divulgado esta tarde, a propósito das mais recentes alegações do jornalista sobre a companhia estatal.

"Estes ataques são de carácter difamatório, sem nenhuma veracidade, sendo desprovidos dos mais básicos valores da ética jornalística", reforça a Sonangol, que devolve ao site do jornalista a acusação de opacidade e de falta de transparência dirigida à concessionária.

"O Maka Angola não identifica as suas fontes, não apresenta os seus relatórios e contas às autoridades, e não disponibiliza a sua estrutura accionista, ou as suas contas ao público", lê-se no documento.

Além de questionar a "agenda" de Rafael Marques, acusando-o mover uma "perseguição pessoal" contra Isabel dos Santos "há vários anos", a petrolífera rebate, detalhadamente, o conteúdo de "Os salários e honorários secretos da Sonangol".

Para começar, a companhia garante que "a remuneração do actual Conselho de Administração está em linha com a do anterior, tendo sido apenas actualizada de forma pontual, de acordo com a inflação e práticas do sector", repudiando a ideia de que existe secretismo no processamento dos vencimentos.

"Todas as grelhas salariais da Sonangol são comunicadas ao Ministério dos Petróleos, representante do Estado e de acordo com o disposto na lei", reforça o comunicado, acrescentando que "a rubrica de salários e remunerações consta no relatório e contas da empresa que é um documento público".

"Campanha xenófoba e ultra-nacionalista", contra colaboradores estrangeiros da petrolífera.

Em relação ao papel dos serviços de consultoria e assistência técnica, que Rafael Marques também colocou no "bolo" de remunerações secretas e chorudas, a petrolífera salienta que "os consultores prestam serviços à Sonangol e suas subsidiárias e não à PCA da Sonangol", e assegura que o seu pagamento é feito com base nas tarifas internacionais aplicadas no sector.

Apesar de não revelar o valor dessa tabela, a concessionária adianta que "os serviços de consultoria já se traduziram em benefícios concretos e em poupanças de várias centenas de milhões de dólares para o grupo Sonangol, representando vantagens muito superiores aos custos efectivos".

O comunicado da companhia estatal desmente igualmente a presença, na organização, de consultores com visto de turista, da mesma forma que garante a conformidade dos salários dos membros do Conselho de Administração com a tabela salarial da empresa, e descarta esquemas de fuga ao fisco.

Mais do que assinalar a "má-fé" e "mentiras" de Rafael Marques, a Sonangol acusa-o de embarcar numa "campanha xenófoba e ultra-nacionalista", contra colaboradores estrangeiros da petrolífera.

"Os trabalhadores expatriados não existem apenas em Angola, mas também em economias como Dubai, Singapura, Nigéria, ou Guiné", ressalta a empresa, adiantando que "os pacotes de remuneração (salários e benefícios) de expatriados em Angola estão em linha com os praticados noutros países".

Na óptica da companhia estatal, a exposição de Rafael Marques "visa apenas tentar descredibilizar a Sonangol e retirar o mérito à iniciativa do Estado de proceder de forma isenta e profissional à sua restruturação".