A venda das participações, que pode ser limitado a uma fracção destas, da Sonangol nestes dois blocos é o primeiro passo sólido no cumprimento da decisão, como o NJOnline noticiou na sexta-feira, de concentrar actividades fora da área de produção, podendo isso levar à alienação de participações em mais de 20 blocos petrolíferos em águas angolanas.

Este adiamento por dois meses da venda das quotas nos blocos 20/11 e 21/09 é justificado em documento enviado às redacções com o elevado número de pedidos de interessados na sua aquisição, tendo as empresas que mostraram esse interesse pedido o referido adiamento.

Essa pela qual "o prazo para apresentação das propostas vinculativas de aquisição e o cargo de operador foi prorrogado para 30 de Setembro de 2018", avança o comunicado da petrolífera nacional.

Estes dois blocos de produção, cujo processo de alienação deveria estar concluído a 31 de Julho próximo, estão situados em águas profundas e nenhum deles está actualmente em fase de produção.

Como a Lusa recorda, o presidente do conselho de administração da Sonangol, Carlos Saturnino, anunciou a 28 de Junho, em Luanda, que a petrolífera angolana já pagou a totalidade da dívida acordada com a norte-americana Cobalt, antes do prazo limite, que era 01 de Julho próximo, sobre os blocos 20/11 e 21/09.

Resultou do acordo amigável entre as duas petrolíferas, de Dezembro de 2017, prevendo o pagamento de 500 milhões de dólares por parte da empresa angolana, pelos direitos em dois blocos petrolíferos, terminando a disputa judicial que se arrastava.

As administrações daquelas petrolíferas assinaram a 19 de Dzembro de 2017 um acordo para "resolução de todas as disputas entre as duas companhias", prevendo a transferência para a Sonangol do interesse participativo da Cobalt nos blocos 21/09 e 20/09, ao largo de Angola, por 500 milhões de euros (430 milhões de euros), devido a alegados incumprimentos contratuais da petrolífera estatal angolana.

Em causa estava um diferendo que se arrastava desde a administração de Isabel dos Santos na Sonangol, prevendo este acordo que a petrolífera angolana deveria pagar, até ao dia 23 de Fevereiro de 2018, um valor não reembolsável de 150 milhões de dólares (129,5 milhões de euros).

O último pagamento, no montante de 350 milhões de dólares (302 milhões de euros), deveria ser efectuado até ao dia 01 de julho de 2018, explicou ainda a Sonangol.

Em 2017, a Cobalt recorreu ao tribunal arbitral contra a Sonangol, acusando a empresa angolana de ter adiado decisões e assim ter prejudicado os resultados financeiros e impossibilitado a venda dos ativos no país, num negócio de 1.350 milhões de euros.

A Cobalt, uma das maiores petrolíferas norte-americanas, estava a explorar aqueles dois blocos em Angola, mas há anos que tentava vender a sua participação, necessitando para tal que a Sonangol prolongue as licenças de exploração, algo que a companhia petrolífera angolana não fez, impossibilitando, na prática, a saída da Cobalt da exploração petrolífera em Angola.

Com o fecho deste acordo e do pagamento, o bloco 20/11 passou a ser participado pela Sonangol em 70% (assumindo a parte de 40% da Cobalt), além da BP (30%).

O bloco 21/09 passou a ser integralmente participado pela Sonangol (100%), com a aquisição dos 40% da petrolífera norte-americana.