As dificuldades no abastecimento de combustível às cimenteiras CIF e FCKS, que levaram esta última a acusar a Sonangol de especular os preços e suspender o fornecimento à sua unidade, estão ultrapassadas, garante a Sonangol.

Através de um comunicado, enviado ao Novo Jornal Online, a petrolífera nacional reconhece que as obras no Porto de Luanda, iniciadas em 2003, impediram o fornecimento de combustível Fuel Oil a alguns clientes, entre os quais as fábricas cimenteiras.

"O processo de fornecimento deste produto conheceu novos desenvolvimentos em 2007 com a criação de um "pipeline" que ligou a Refinaria à cimenteira Nova Cimangola - que na altura era o único cliente utilizador de Fuel Oil em Angola - e que passou a ser abastecida por esta via", explica a Sonangol, acrescentando que, em 2015, com a construção de novas fábricas de cimento, outros clientes, como a FCKS, passaram a receber o produto através das instalações do Lobito.

Já em 2016, esclarece a empresa estatal, "houve um acordo comercial entre as cimenteiras que acordaram usar os tanques e as instalações da Nova Cimangola para fornecimento de Fuel Oil", procedimento que se manteve até Fevereiro deste ano.

Nos últimos meses, foi implementado um processo de readaptação técnica, com o objectivo de modernizar a estrutura da Refinaria de Luanda, o que lhe garantiu uma maior capacidade de refinação e de fornecimento de derivados de petróleo", avança a Sonangol, garantindo estar "em condições de fornecer Fuel Oil, não apenas às empresas cimenteiras, mas a qualquer outro cliente que pretenda adquirir este produto".

Para além de sublinhar que a capacidade de abastecimento da refinaria está assegurada, a petrolífera nacional esclareceu a polémica sobre os preços.

Petrolífera explica preços

"Ao longo dos últimos cinco anos o Fuel Oil sofreu vários ajustamentos no preço devido à sua cada vez maior qualidade, o que permite a aplicação, a este produto angolano, de preços superiores à média do mercado", aponta a companhia estatal, acrescentando que a qualidade é comprovada através dos grandes volumes de exportação, traduzidos na captação de divisas

"O preço evoluiu dos 25 kwanzas por quilo, em 2013, para os 91 kwanzas/kg, em 2015 aquando da retirada do subsídio de combustível. Os preços praticados hoje foram estipulados em Janeiro de 2016 e fixam-se nos 71,31 kwanzas/kg, sendo que para as cimenteiras e outros grandes compradores, é praticado um preço de 68,50 Kwanzas/Kg", clarifica a Sonangol.

Recorde-se que a FCKS acusou a companhia estatal de violar o acordo para abastecimento de combustível à cimenteira, fazendo disparar o preço de 25 kwanzas/Kg para 91 Kwanzas/Kg.

"A FCKS iniciou a sua produção em 2014, tendo como uma das suas principais premissas de viabilidade a aquisição do combustível HFO a um preço de 25 Kz/kg, comprometido por contrato assinado com a Sonangol", revelam os gestores da fábrica, acusando a petrolífera de violar o acordo.

Segundo um comunicado divulgada pela FCKS, ao qual o Novo Jornal Online teve acesso, após seis meses do início das operações, a Sonangol subiu os preços de HFO de 25 para 50 Kz/Kg, voltando, num espaço de quatro meses, a impor um novo aumento, para 91 Kz/kg.

A direcção da cimenteira explica que "no compromisso com o mercado em não protagonizar subidas massivas do preço do cimento", a empresa optou por suportar os custos do aumento do preço do combustível, situação que se tem traduzido num cúmulo de perdas financeiras.

De acordo com a fábrica, nesse cenário deu-se a paralisação dos trabalhos, em Dezembro de 2016.

"A situação de degeneração da condição financeira da empresa tem a sua origem na especulação do preço de combustível o que é económica e financeiramente inviável e na subsequente suspensão do abastecimento do combustível de que se verificou desde Setembro de 2016", sublinha a FCKZ, desmentindo a informação veiculada pela Sonangol, de que a unidade industrial carece de infra-estruturas de armazenamento.