Apontada por muitos como a causadora da paralisação dos trabalhos na FCKS - tendo em conta que a fábrica de cimento alega não ter combustível para manter a linha de produção -, a Sonangol descarta quaisquer responsabilidades nesse processo.

Através de um comunicado, divulgado ontem, 3, a companhia estatal garante que "não houve nenhuma decisão" para se parar com o fornecimento de combustível à cimenteira do Kwanza-Sul, nem a "qualquer outra fábrica de cimento a operar em Angola".

Em causa está o abastecimento do denonimado Heavy Fuel Oil (HFO) combustível utilizado no funcionamento das máquinas e na queima de clínquer, matéria-prima necessária para a produção de cimento.

Segundo a Sonangol, o problema da FCKS explica-se não por um défice de fornecimento de combustível, mas pela ausência de infra-estruturas de armazenamento adequadas para receber e fazer a logística de distribuição do HFO.

Esta situação, esclarece a companhia estatal, "põe em risco a chegada de combustível à zona da fábrica, comprometendo todo o processo produtivo", circunstância que levou a Sonangol a disponibilizar à unidade fabril um terreno junto à Refinaria de Luanda, para instalação de tanques de recepção de HFO.

Cerca de dois anos depois dessa oferta, a petrolífera nota que a FCKS nada fez no sentido de viabilizar essa alternativa. Mais: a Sonangol assegura que "mostrou total disponibilidade de acesso dos camiões de Fuel Oil da FCKS à refinaria de Luanda durante o período nocturno, para carregamento do combustível, apesar do impacto que esta medida teria nas suas próprias operações".

As alegadas facilidades oferecidas à FCKS pela petrolífera angolana envolvem, desde o passado dia 19 de Outubro, a utilização das infra-estruturas de armazenamento de Fuel Oil pertencentes à Cimangola, empresa detida por Isabel dos Santos.

Para além de vincar a ideia de que a cimenteira do Kwanza-Sul não tem cumprido o seu papel, a Sonangol lembra que a mesma foi integralmente construída com o seu financiamento, no caso 750 milhões de dólares.

Esse montante "encontra-se totalmente em dívida para com a petrolífera nacional, acrescido ainda de juros no valor de 54 milhões USD, não tendo sido reembolsada, até a data, nenhuma das prestações já vencidas", lê-se no comunicado, onde se recordam outras paralisações da cimenteira.

"É aliás do conhecimento público que, desde 2014 e até 2017, a fábrica da FCKS teve várias paragens de produção, relacionadas com diferentes motivos não ligados ao abastecimento de Fuel Oil", assinala a Sonangol.