Bolsonaro respondeu nas redes sociais: "Lamento que o Presidente Macron procure instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazónicos para ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere à Amazónia - apelando até com fotos falsas - não contribui em nada para a solução do problema".

Macron tinha antes dito, também nas redes sociais: "A nossa casa está a arder. Literalmente. A floresta Amazónia, o pulmão que produz 20% do oxigénio do nosso planeta, está em chamas. É uma crise internacional. Membros da cimeira do G7, vamos discutir esta emergência de primeira ordem em dois dias", pediu o chefe de Estado na rede scoial twitter.

Bolsonaro: "O Governo brasileiro segue aberto ao diálogo, com base em dados objectivos e no respeito mútuo. A sugestão do Presidente francês, de que assuntos amazónicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI".

Na cimeira do G7, dos países mais industrializados do mundo, participam os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, se mostrou "profundamente preocupado" com os incêndios na Amazónia, onde se registaram, entre Janeiro e 18 de Agosto, mais de 38 mil focos.

"Estou profundamente preocupado com os incêndios na floresta Amazónia. No meio da crise climática global, não podemos permitir mais danos a uma das mais importantes fontes de oxigénio e biodiversidade. A Amazónia deve ser protegida", escreveu Guterres também no Twitter.

Vizinhos oferecem ajuda

Entretanto, os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, e do Chile, Sebastián Piñera, disseram, através das redes sociais, que telefonaram para o homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, oferecendo ajuda especializada para combater os incêndios na Amazónia.

No final da noite de quinta-feira, o presidente argentino, Mauricio Macri, revelou ter conversado com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, para se informar da situação dos incêndios e para pôr "à disposição do Brasil e da Bolívia a cooperação argentina".

"O nosso sistema de emergência encontra-se à disposição do Brasil e da Bolívia. Comuniquei com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Estamos comprometidos a ajudar os nossos vizinhos a combater os incêndios florestais", publicou Mauricio Macri nas redes sociais.

Mauricio Macri disse estar "alarmado e comovido" com os incêndios, especialmente no Brasil.

"Estou alarmado e comovido com os incêndios na Amazónia brasileira. Os incêndios são devastadores doem-nos, preocupam-nos e tornam urgente a nossa cooperação", publicou o Presidente argentino.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, também confirmou ter conversado com o brasileiro, Jair Bolsonaro, e com o boliviano, Evo Morales, para lhes oferecer ajuda.

"Ofereci colaboração a Bolsonaro para ajudar o país irmão e amigo a combater com maior eficácia e força os graves incêndios florestais que afectam a Amazónia", disse Sebastían Piñera.

Horas depois, informou nas redes sociais que "também falou com o presidente da Bolívia, Evo Morales, para lhe oferecer colaboração". Esta disponibilidade para a Bolívia ajudar tem ainda mais peso porque os dois países mantém uma tensa e distante relação, devido a disputas territoriais.

A situação na Bolívia também é devastadora: 744 mil hectares e 1.817 famílias que vivem na região de Chiquitania, no leste do país, foram já atingidas pelo fogo.

A Venezuela que também tem floresta amazónica ofereceu a sua "modesta ajuda" no combate aos incêndios. O governo de Nicolás Maduro expressou "profunda preocupação" com a situação na região.

Radiografia da Amazónia

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).

O número de incêndios no Brasil cresceu 70% este ano, em comparação com período homólogo de 2018, tendo o país registado 66,9 mil focos até ao passado domingo, com a Amazónia a ser o bioma (conjunto de ecossistemas) mais afectado.

Dados do sistema de monitorização por satélite chamado Deter, que é mantido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais brasileiro (Inpe) indicam que em Julho a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em relação ao mesmo mês do ano passado.