A ofensiva consistiu em três ataques, com uma centena de mísseis, contra instalações utilizadas para produzir e armazenar armas químicas, informou o Pentágono.

O presidente dos EUA justificou o ataque como uma resposta à "acção monstruosa" realizada pelo regime de Damasco contra a oposição e prometeu que a operação irá durar "o tempo que for necessário".

A Rússia anunciou, entretanto, que vai pedir uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU após os ataques ocidentais contra alvos na Síria.

"A Rússia convoca uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU para discutir as acções agressivas dos Estados Unidos e seus aliados", refere em comunicado Moscovo.

Peritos da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) tinham previsto iniciar ontem uma investigação sobre o alegado ataque com armas químicas. A missão recebeu um convite do Governo sírio, sob pressão da comunidade internacional.

Mais de 40 pessoas morreram e 500 foram afectadas no ataque de 07 de Abril contra a cidade rebelde de Douma, em Ghuta Oriental, que, segundo organizações não-governamentais no terreno, foi realizado com armas químicas.

A oposição síria e vários países acusam o regime de Al-Assad da autoria do ataque, mas Damasco nega e o seu principal aliado, a Rússia, afirmou que o ataque foi encenado com a ajuda de serviços especiais estrangeiros.

Entretanto, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, já veio apelar a um cessar-fogo "duradouro" na Síria, respeitado por todas as partes e que permita uma" solução política" liderada pela ONU para que a paz no país seja alcançada.

"O uso de armas químicas é inaceitável e deve ser condenado nos seus termos máximos. A comunidade internacional tem de identificar e responsabilizar quem levou a cabo os ataques químicos", afirmou o presidente da Comissão Europeia, em comunicado.

Juncker lembrou que "não é a primeira vez" que o regime sírio usa armas químicas contra a população civil, mas deve ser a última".

O presidente da Comissão Europeia reagia assim à ofensiva conjunta de Washington, Londres e Paris contra posições de Bashar al-Assad em retaliação por um alegado ataque químico atribuído ao governo sírio.

Já o ministro francês dos Negócios Estrangeiros afirmou que os ataques realizados na Síria destruíram "boa parte do arsenal químico" do regime de Bashar Al-Assad e que "haverá uma nova intervenção" militar em caso de novos ataques químicos.

As declarações de Jean-Yves Le Drian foram feitas ao canal televisivo BFMTV.

"Muito foi destruído pelos ataques desta noite", vincou.

O governante disse ainda que Paris tem "informações fiáveis" da implicação do regime sírio nos ataques químicos de 07 de Abril e garantiu que haverá uma nova "intervenção" militar em caso de novo ataque químico.

Também a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, disse que os ataques à Síria feitos pelo seu país, pela França e pelos Estados Unidos enviam uma "mensagem clara" contra a utilização de armas químicas.

"Esta acção coletiva envia uma mensagem clara: a comunidade internacional não vai ficar à espera e não irá tolerar o emprego de armas químicas", declarou May numa conferência de imprensa, acrescentando que os ataques eram "ao mesmo tempo justos e lícitos".

A chefe do executivo britânico também afirmou que informações preliminares indicam que o regime sírio utilizou no ataque a Douma "bombas barris", um tipo de artefacto explosivo improvisado que geralmente consiste em barris cheios de explosivos.

Por outro lado, Theresa May explicou que a necessidade de agir rapidamente e razões de segurança operacional levaram a que a intervenção britânica não fosse votada no parlamento.

A chefe do Governo da Alemanha, Angela Merkel, afirmou hoje que o ataque a alvos sírios com mísseis foi uma resposta "necessária e apropriada" após as denúncias de uso de armas químicas por parte de Damasco.

O Governo de Berlim apoia os ataques dos EUA, França e Reino Unido, considerando-os uma "intervenção militar necessária e apropriada", afirmou hoje em comunicado Angela Merkel.

"Nós estamos ao lado dos nossos aliados americanos, britânicos e franceses" que "assumiram as suas responsabilidades", com uma "intervenção militar que era necessária e apropriada".

O Governo espanhol junta-se ao coro dos que defendem a intervenção, considerando que o ataque conjunto levado a cabo pelos Estados Unidos, Reino Unido e França contra o regime sírio é uma resposta "legítima e proporcionada" e que se trata de "uma acção limitada nos seus objectivos e meios".

O ministro dos Negócios Estrangeiros belga, Didier Reynders, também mostrou o seu apoio ao ataque na Síria: "O uso de armas químicas contra civis é uma atrocidade e uma violação flagrante das convenções internacionais. Consideramos que os nossos parceiros tiveram de reagir", disse numa mensagem também publicada no Twitter.

O governo português disse hoje compreender as razões que levaram à intervenção militar desta madrugada na Síria, defendendo, no entanto, ser necessário evitar uma escalada do conflito.

"Portugal compreende as razões e a oportunidade desta intervenção militar", afirma o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado, acrescentando que o objetivo foi "infligir danos à estrutura de produção e distribuição de armas que são estritamente proibidas pelo direito internacional".

O Egipto também veio a terreiro manifestar "grande preocupação" pelas consequências da "escalada militar na Síria".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio afirmou que teme "as consequências para a segurança do povo sírio e a ameaça aos entendimentos já alcançados" para as zonas onde os confrontos poderiam ser suspensos na Síria.

No entanto, o Governo egípcio recusou absolutamente o uso de "armas proibidas internacionalmente" e pediu uma investigação internacional transparente.