A Tunísia foi um dos raros países que saíram do ciclo de "primaveras árabes" ocorrido por todo o mundo, relativamente estável e com governos efectivos em funções, depois da deposição do presidente Ben Ali, em 2011, mas as medidas de austeridade impostas nos últimos anos pelo Governo de Tunes têm gerado situações complicadas neste país do norte de África.

Isso mesmo voltou a suceder esta semana, com milhares de pessoas a irem para as ruas em protesto contra os aumentos dos impostos e, entre outras, das contribuições sociais dos trabalhadores sem os adequados aumentos salariais.

Estes incidentes são o reflexo do aumento do descontentamento social na Tunísia, em particular contra o aumento do IVA e das contribuições sociais, em vigor desde 01 de Janeiro, no âmbito de um orçamento de austeridade para 2018.

Segundo relatos das agências internacionais, as ruas das principais cidades da Tunísia foram tomadas por centenas de militares e de polícias, sendo os casos mais graves os que ocorreram em Djerba, uma ilha tunisina, onde uma Sinagoga (nesta ilha vive a maior comunidade judaica do país) foi atacada com coktails Molotov, e em Tebourba, onde um homem foi morto durante confrontos com as forças de segurança na noite anterior.

"Restos" da "Revolução de Jasmim"

Aproveitando o pacote de austeridade integrado no orçamento para 2018, vários sectores da sociedade tunisina, especialmente os mais radicais, e entre estes muitos dos prejudicados pela mudança de regime em 2011, durante a denominada "Revolução de Jasmim", que atirou o ditador Bem Ali para fora do poder, costumam desencadear protestos, embora também a forte sindicalização seja apontada como estando por detrás das manifestações.

Estes são os protestos mais recentes desde que em Janeiro de 2016 as ruas tunisinas se encheram de manifestantes e estão a ser impulsionados também pelo aproximar das primeiras eleições locais desde a queda do regime de Zine El Abidine Ben Ali.