Bolsonaro, deputado há mais de 30 anos que conseguiu aparecer como sendo um político para um novo Brasil graças a uma gigantesca operação nas redes sociais, com destaque para o Whatsapp, onde as notícias falsas sobre o seu opositor, Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores, o estão a catapultar para a vitória, parece não ter já nada que o impeça de ser o próximo Presidente do Brasil.

A Haddad resta um esforço final para contrariar a avalanche que o está a soterrar com as chamadas "fake news", através, segundo a imprensa brasileira, da criação de equipas que procuram desmontar as "mentiras" que Bolsonaro e os seus apoiantes sobre ele contam no mundo das redes digitais.

Nas ruas, ambos os lados da barricada procuram mostrar força, sendo Fernando Haddad quem lidera, com mais apoiantes a gritar #ELENÃO, mas as ruas já não são o palco onde se ganham ou perdem eleições, esse lugar é agora ocupado pelas redes sociais e, aí, Jair Bolsonaro mostrou que esteve mais atento ao... futuro.

Um dos indicadores de que assim é, de que as ruas contam cada vez menos e as redes sociais valem cada vez mais é que o próprio Governo brasileiro veio a público alertar para o facto de que "não existe anonimato na internet" para quem utiliza as redes sociais para difundir notícias falsas que visam difamar candidatos.

Como relatam hoje os media brasileiros, o ministro da Segurança, Raul Jungmann veio garantir que "não há anonimato na internet" e que "aqueles que têm intenção de cometer crimes contra a credibilidade do sistema eleitoral" vão ser encontrados.

Na mesma senda, outros governantes brasileiros e a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber, já prometeram investigar para saber e encontrar quem e que está por detrás da dispersão de milhares de notícias sem fundamento com o objectivo de com elas dar vantagens a um ou outro candidato das eleições que vão ter lugar já a 28 deste mês.

Jair Bolsonaro é claramente o mais beneficiado pelas "fakes"

A esmagadora maioria das notícias falsas espalhadas através das redes sociais Wahtsapp e Facebook visam claramente a credibilidade e o carácter de Fernando Haddad, sendo a linha mestra destes ataques o tempo em que este foi ministro da Educação de Lula da Silva e o jornal Folha de São Paulo revelou mesmo que existe uma constelação de empresas por detrás deste esforço ilegítimo para levar Bolsonaro à Presidência do Brasil, gastando com isso centenas de milhões de reais.

Face a este cenário, e a ver que tem a tarefa muito0 complicada, Fernando Haddad já veio acusar Bolsonaro de ser um mero "chefe de milícia" apoiado em "bandidos", como são os seus filhos: "Essas pessoas são uma milícia, não é um candidato a presidente, é um chefe de milícia, os seus filhos são milicianos, são bandidos, é gente de quinta categoria, essa é a verdade".

Numa conferência de imprensa em São Luís, no estado do Maranhão, no Nordeste no Brasil, citado pelas agências, Haddad adiantou que apenas "o medo de quem tem discernimento cresce" e quem "está anestesiado não vê o perigo" que reside na hipótese de Bolsonaro ganhar as eleições, sendo um homem que é racista, defende o regresso da ditadura militar e profundamente homofóbico.

Bolsonaro, segundo Haddad, é "uma aberração, que só fala sobre a violência e ofende os nordestinos, as mulheres e os negros".

Contra-ataque de Jair

Dezenas de milhares de pessoas saíram ontem à rua em 15 estados do Brasil para manifestarem apoio a Jair Bolsonaro, o candidato ultraconservador de direita às eleições presidenciais do próximo domingo.

As manifestações, segundo a Lusa, foram convocadas pelo movimento "Vem Pra Rua" e a organização espera que decorram em pelo menos 260 cidades do país. No Rio de Janeiro, cerca de dez mil pessoas marcharam ao longo da praia de Copacabana, envergando t-shirts da seleção nacional de futebol, empunhando bandeiras do Brasil e entoando: "Partido dos Trabalhadores Fora".

O sucessor de Michel Temer como 38.º Presidente da República Federativa do Brasil será escolhido na segunda volta das eleições, marcada para o próximo domingo. A escolha recai entre Jair Bolsonaro (Partido Social Liberal - PSL), que venceu a primeira volta, a 07 de outubro, com 46,7% dos votos, e Fernando Haddad (Partido dos Trabalhadores - PT), que obteve 28,37% dos votos.

As manifestações de apoio a Bolsonaro decorrem um dia depois de centenas de simpatizantes de Fernando Haddad, na sua maioria mulheres, terem saído à rua, em cerca de 30 cidades, em protesto contra Bolsonaro, um nostálgico da ditadura militar (1964-1985) com um grande historial de declarações machistas, racistas e homofóbicas.

De acordo com a sondagem mais recente, divulgada na quinta-feira, Bolsonaro reúne 59% das intenções de voto, contra 41% de Haddad.

Jair Bolsonaro, de 63 anos, é criticado por adotar ideais da extrema-direita e por já ter manifestado admiração pela ditadura militar que governou o Brasil entre os anos de 1964 e 1985.

A candidatura de Jair Bolsonaro também desperta receio porque ao longo da carreira, e também da campanha eleitoral, o político fez declarações públicas consideradas machistas, racistas, homofóbicas e de apologia à violência.