Alassane Ouattara, que derrotou Laurent Gbagbo nas eleições de 2010, anunciou, na terça-feira, esta amnistia no âmbito dos seus esforços para a reconciliação nacional, pretendendo por fim à crise generalizada que o país atravessou, e cujas sequelas ainda se fazem sentir periodicamente, após o processo eleitoral de 2010/2011.

Nessa vaga de violência, provocada por elementos leais a Gbagbo, morreram mais de 3 mil pessoas em confrontos que se generalizaram a todo o país.

Após a detenção de Laurent Gbagbo por forças leais a Outtara, com apoio de militares das forças da ONU colocadas no país, as coisas acalmaram e sucederam-se julgamentos, incluindo o de Laurent e da sua mulher, Simone, por crimes contra a humanidade e de guerra.

Posteriormente, em 20016, o ex-Presidente viu o TPI iniciar um julgamento pelos mesmos crimes, estando actualmente detido na Holanda, onde decorre ainda o julgamento, tendo sido o primeiro ex-Chefe de Estado a ser julgado por aquele tribunal internacional.

Na amnistia hoje anunciada, Ouattara concedeu a libertação a cerca de 800 pessoas, muitas delas envolvidas em acções de guerra, incluindo Simone Gbagbo, que tinha sido condenada a 20 anos de prisão por um tribunal de Abidjan, por envolvimento nos conflitos de 2011.

Com esta atitude, Ouattara tem ainda como objectivo normalizar o país para as eleições de 2020, onde já disse que não é candidato, em nome da pacificação da Costa do Marfim, e porque está impedido constitucionalmente de prolongar o poder por mais de dois mandatos sucessivos.

Com as eleições de 2010, teme-se que os conflitos possam regressar, visto que vários partidos do país têm uma génese de guerrilha e foram criados com objectivos de conquista do poder através de métodos violentos.

Entretanto, depois de anunciada na quarta-feira a amnistia, Simone Gbagbo foi libertada por ordem da Procuradoria, tendo já deixado a prisão militar em que se encontrava detida nos últimos anos.