O "Mais Médicos" foi criado pelo Governo do Partido dos Trabalhadores como forma de levar às regiões menos favorecidas do Brasil a assistência médica que até aí não existia ou era de tal forma precária que apresentava indicadores claramente terceiro-mundistas.

Segundo a justificação do Governo de Havana, Bolsonaro proferiu declarações "ameaçadoras e pejorativas" sobre Cuba, que tratou como "uma ditadura", e os seus médicos, ao mesmo tempo que anunciava alterações consideradas inaceitáveis ao programa "Mais Médicos".

Entre estas alterações como explicou depois Bolsonaro, passam por testar a qualidade dos médicos cubanos, garantir que o salário que auferem é integralmente para eles e não para dividir com "a ditadura" de Cuba e ainda a exigência de que as famílias dos profissionais enviados por Havana possam juntar-se a eles no Brasil.

"Condicionamos à continuidade do programa Mais Médicos a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou.", escreveu Bolsonaro na rede social Twitter.

Mas nas declarações iniciais, Bolsonaro não foi tão explícito e apenas levantou dúvidas sobre a qualidade dos médicos oriundos de Cuba, bem como a natureza ditatorial do seu regime político.

Face a este contexto, o Ministério da Saúde Pública (MINSAP) de Cuba anunciou a sua saída do programa que mantinha a funcionar desde 2013 com o Brasil, onde, nos últimos, foram atendidos mais de 100 milhões de brasileiros em cerca de 300 municípios, na maior parte dos quais, onde não existiam médicos até ao surgimento deste programa.

Bolsonaro vai ter dificuldades em resolver o problema que está a criar

O programa "Mais Médicos" tem 18.240 vagas em 4.058 municípios, cobrindo 73% das cidades brasileiras e a contratação destes profissionais segue uma ordem previamente estabelecida que deixa perceber que o Governo de Bolsonaro vai ter substanciais dificuldades em preencher as vagas que vai ficar abertas.

Isto, porque o "Mais Médios" funciona desta forma: a prioridade vai para médicos brasileiros e formados no Brasil ou com validação profissional no país, seguem-se os brasileiros formados no exterior e médicos estrangeiros formados no Brasil, sendo, depois, estas vagas ocupadas por médicos cubanos se não tiverem procura entre os que integram as primeiras prioridades, quase sempre em locais remotos e para onde quase ninguém quer ir dentro desta classe profissional.