Nunca como agora foi tão difícil aos organismos internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre outros que estão no terreno, combater este vírus que, apesar de estar confinado às províncias de Ituri e Kivu Norte, no leste da RDC, junto às fronteiras com o Uganda e o Ruanda.

E isso, porque dezenas de milícias e guerrilhas organizadas, algumas delas com origem nos países vizinhos, como a Aliança das Forças Democráticas (ADF), ugandesa, não têm dado descanso nem ás populações locais nem às equipas sanitárias que, no terreno, procuram criar um sistema eficaz de controlo e combate à doença, como é disso prova as várias mortes já registadas entre as equipas médicas locais e internacionais.

Esta é a 10ª registada desde que o vírus do Ébola foi confirmado em humanos, decorria o ano de 1976, também na RDC, sendo a 2ª mais letal registada até hoje, a seguir à de 2013, na África Ocidental, que fez mais de 11 mil mortos.

O alerta foi lançado pelo ministério da Saúde congolês a 01 de Agosto de 2018 e tem tido uma progressão exponencial, porque só no último mês o número de caso registado e conformado laboratorialmente é superior aos identificados nos primeiros seis meses, muito porque as dificuldades de combate ao vírus crescem à medida que as populações locais mostram não querer a presença dos médicos internacionais a quem acusam de ter levado a doença para a região, convencidos disso mesmo por feiticeiros locais e lideres de grupos armados que no Kivu Norte exploram os recursos naturais.

Um dos problemas mais graves, segundo a OMS, é que as pessoas que têm sintomas da doença estão a ir em grande número para as suas aldeias em busca de tratamento tradicional porque não têm conhecimento de que os hospitais de campanha estejam a conseguir salvar quem ali entra doente, contribuindo assim para a forte progressão da maleita que é altamente contagiosa através do contacto com fluídos corporais das vítimas.

A tradição ancestral de contacto, por respeito, com o cadáver dos falecidos é um dos motivos mais enfatizados para o avanço da epidemia.

O risco de esta poder ser uma epidemia com dimensão semelhante à que em 2013/14 provocou mais de 11 mil mortes e centenas de milhares de deslocados na Libéria, Serra Leoa e Conacri, principalmente, é cada vez mais admitida pela OMS e pelos MSF, porque não está a ser possível identificar avanços claros na estratégia de contenção do vírus.