Com estes resultados, o histórico partido guineense vai manter as rédeas da governação através de um acordo firmado horas antes da divulgação dos resultados, juntando os seus 47 deputados - em 102 mandatos - aos do Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que conseguiu cinco deputados, aos da União para Mudança (UM), que conseguiu um lugar na Assembleia do Povo, o mesmo que o Partido da Nova Democracia (PND).

Com a soma dos quatro partidos, o PAIGC deverá ter suficiente espaço de manobra para formar Governo, apontando Domingo Simões Pereira para primeiro-ministro.

Mas os problemas pode surgir no virar da esquina, tendo em conta que o mesmo Domingos Simões Pereira (na foto) foi nomeado primeiro-ministro na sequência das anteriores eleições mas rapidamente chocou com a imprevisibilidade do Presidente da República, José Mário Vaz, que o demitiu escassos meses após assumir funções, dando azo a uma prolongada e profunda crise política.

De seguida, Mário Vaz nomeou vários executivos de iniciativa presidencial que nunca conseguiram o apoio parlamentar, gerando uma situação de, na prática, ingovernabilidade que chegou a fazer temer uma intervenção militar, como, alias, é tradição neste historicamente conturbado país lusófono da África Ocidental.

Agora, com a forte pressão exercida pela comunidade internacional, com a ONU à frente, mas com as organizações africanas, como a CEDEAO, e a União Africana também a pressionar, bem como a União Europeia, os analistas esperam que o Chefe de Estado guineense aceite o veredicto das urnas e não crie especiais dificuldades à governação do PAIGC, que é também o seu partido e pelo qual se fez eleger.

Como aponta a Lusa, no segundo e terceiro lugar ficaram, respectivamente o Movimento para a Alternância dos Democrática (Madem-G15, 27 deputados) e o Partido da Renovação Social (PRS, 21 deputados) que também anunciaram na terça-feira um acordo de governo, na expectativa de governarem.

O Madem-G15 foi fundado há oito meses pelos derrotados por Domingos Simões Pereira no congresso do PAIGC, em Cacheu, e contou com muitos ex-dirigentes do maior partido guineense, entre os quais o empresário Braima Camará e o ex-primeiro-ministro Umaro Sissoco Embaló.

No domingo, mais de 761 mil guineenses foram chamados a votar nas três mil mesas de voto, incluindo a diáspora.

Segundo a CNE, houve 15,3 por cento de abstenção.