Rafael Branco, o líder da missão de observação da União Africana (UA), disse que foi "notável" o civismo com que os guineenses votaram, um contraste claro com a turbulência que o país vive desde pelo menos 2016, com as sucessivas mudanças no elenco governativo protagonizadas pelo instável Presidente Mário Vaz.

E que tipo de Governo vai ter a Guiné-Bissau nos próximos anos depois de se conhecer os vencedores da votação de Domingo - com os resultados preliminares a poderem ser conhecidos ainda hoje à noite, e os definitivos, segundo a ONU, na quarta-feira - é a grande questão, como o lembrou o ex-funcionário da ONU, Carlos Lopes, e um dos guineenses mais prestigiados no cenário internacional, depois de ter sido adjunto do SG das Nações Unidas.

Carlos Lopes, recorrendo à rede social Twitter, questiona se os vencedores vão ter condições para formar Governo e se os vencidos estão disponíveis para aceitar o veredicto das urnas sem fazer o país entrar numa nova crise.

Entretanto, o representante da ONU em Bissau, David McLachlan-Karr, citado pelo site das Nações Unidas UN News, considerou que a votação de ontem foi um momento positivo para a Guiné-Bissau e felicitou os políticos guineenses por isso.

A tranquilidade a que se assistiu permitiu que "o povo fosse às urnas em grande número", votando de forma "pacífica" sem que existam registos de problemas substanciais em todo o país.

A ONU, recorde-se, tinha emitido um relatório já este ano onde demonstra alguma falta de paciência para as permanentes crises em Bissau onde disse, nesse mesmo documento, aguardar que estas eleições possam ser um marco definitivo entre um passado de crises sucessivas e um futuro de normalização institucional e democrática.

Recorde-se que a crise que o país vive foi despoletada em 2015 com a demissão, pelo Presidente José Mário Vaz, do primeiro-ministro legitimamente eleito, Domingos Simões Pereira, do PAIGC, que tinha vencido de forma clara as legislativas de 2014.

Face ao tumultuoso clima político guineense, foi criado um grupo de organismos internacionais, com a ONU, a União Europeia, a UA, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e a CPLP, de forma a manter a pressão alta sobre os dirigentes políticos do país para que a normalidade, finalmente, se imponha.