Depois da declaração de Donald Trump a denunciar o acordo, Israel lançou um ataque limitado com mísseis contra algumas posições das forças iranianas posicionadas na Síria, ao que se sucedeu, já nas últimas horas, uma resposta iraniana com vários roquetes lançados contra as posições israelitas nos Montes Golã, território sírio ocupado por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967 e, oficialmente anexado em 1981.

No seguimento deste adensar da tensão entre as duas grandes potências militares da região, e inimigos declarados, Israel divulgou hoje a informação, acompanhada por vídeos, de que atacou, com mísseis, "todas as posições iranianas na Síria".

Isso representa um claro elevar do desafio para um guerra aberta com o Irão, que pode incendiar todo o Médio Oriente, como os organismos internacionais, sendo disso exemplo a ONU, que, através do seu Secretário-Geral, António Guterres, logo após o rasgar do acordo nuclear com o Irão pelos EUA, avisou que estava criado um cenário perigoso para a eclosão de uma guerra devastadora naquela que é uma das mais tensas regiões do mundo.

O problema ganha contornos desafiadores porque, ao que tudo indica, como sublinham vários analistas militares citados pelas agências internacionais, está é a primeira vez que o Irão ataca directamente posições israelitas.

E foi isso que levou Israel a utilizar mísseis tecnologicamente avançados, aparentemente mais de duas dezenas, para atingir "todas as posições que o Irão - através da sua força de elite, a Guarda Presidencial - mantém em território sírio".

O ministro da Defesa israelita, Avigdor Lieberman, logo após o ataque, veio a público dizer que espera que "a lição tenha sido bem entendida", dando a conhecer que "Israel vai contra-atacar sempre que as suas forças ou o seu território sejam atingidos".

E disse, elevando o tom, que "se chove em cima de nós - Israel -, sobre eles - Síria/Irão - cairá uma tempestade. Espero que tenham percebido e que isto - os ataques e os contra-ataques - termine aqui".

Este ataque israelita foi tão intenso que algo desta envergadura não era visto desde 1973, na guerra de Yon Kippur, quando uma coligação alargada de países árabes, liderados pelo Egipto e pela Síria, lançaram uma ofensiva, a 06 de Outubro, contra Israel, culimando a 26 desse mesmo mês com uma estrondosa vitória das forças israelitas.

Recorde-se que a Síria é hoje um país em cacos, onde forças da Rússia, do Irão e de milícias libanesas se substituem às forças do regime de Bashar al-Assad, assegurando a sua continuidade, enquanto grupos ligados à Al-Qaeda e aos estado islâmico, que nos últimos anos procuraram depor o Governo em Damasco, começam claramente a ser derrotados em toda a linha.

Com o incremento dos ataques de Israel sobre as posições iranianas na Síria, o risco de uma escalada assume maiores proporções, não só porque existe de facto a possibilidade de o Irão e Israel iniciarem um confronto directo e alargado, mas também porque existe a possibilidade de Israel atingir posições russas na Síria.