Filipe Nyusi sobrevoou as regiões mais afectadas e disse em declarações aos jornalistas que observou uma destruição de grande magnitude, com muitos corpos a boiar nas águas, muitas pessoas empoleiradas em árvores e nos telhados das casas, e infra-estruturas destruídas em dimensões catastróficas.

As províncias mais afectadas, e sobre as quais Nyusi voou, são as de Sofala, onde a cidade da Beira, a 4º maior do país, com 400 mil habitantes, foi severamente fustigada pelos ventos de mais de 200 km/h e chuvas de extrema violência, bem como cheias em resultado da subida das águas dos rios, e Manica, a segunda província mais violentada pelo "Idai", o nome dado um dos mais mortíferos e destruidores ciclones que atingiram Moçambique em décadas.

Face a este balanço ajustado à realidade, que contrasta com as projecções feitas nas últimas horas, onde estavam confirmadas 85 pessoas mortas, o mundo começou já a mobilizar-se para socorer os muitos milhares de vítimas deste ciclone, em Moçambique com especial enfoque, mas também no Malawi e no Zimbabué, onde também morreram centenas de pessoas e milhares ficaram sem casa.

Para além das agências da ONU, que estão nos locais afectados desde as primeiras horas, países como a Índia, que enviou para a Beira três navios com bens, alimentos e medicamentos, e ainda equipas médicas para ajudar no socorro às vítimas, também a Cruz Vermelha, como as portuguesa e espanhola, e em diversos outros países, está a mobilizar verbas para enviar para estas regiões.

Portugal enviou uma missão a Moçambique para avaliar e forjar um plano de ajuda ao país e às populações mais afectadas, tendo o Governo de Lisboa informado que há centenas de portugueses afectados, muitos perderam as casas, embora sem registo de vítimas mortais . Também Espanha anunciou que vai enviar uma verba para apoiar os esforços em curso.

A ONU estima que só em Moçambique vão ser necessários cerca de 35 milhões de dólares para reagir ás primeiras necessidades de recuperação de infra-estruturas.

Mas um balanço mais cuidado sobre as reais necessidades deverá sair da reunião do Governo moçambicano que hoje está em peso na cidade da Beira, para uma reunião de emergência.

Para já, como lembrou o Presidente Nyusi, "formalmente há registo de 84 óbitos, mas tudo indica que poderemos registar mais de mil óbitos".

O Presidente moçambicano, citado pelas agências, acrescentou que mais de 100 mil pessoas da região correm perigo de vida, com aldeias inteiras desaparecidas e comunidades isoladas devido à subida das águas. Mais de 1,5 milhões de pessoas foram afectadas.

No Malawi, as estimativas do Governo apontam para que tenham sido afectadas mais de 920 mil pessoas nos 14 distritos afectados, incluindo 460 mil crianças. Há registos de pelo menos 56 mortos e 577 feridos.

No Zimbabué, as estimativas iniciais das autoridades apontavam para cerca de 1.600 casas e oito mil pessoas afectadas no distrito de Chimanimani, em Manicaland, com registos de 23 mortes e 82 pessoas desaparecidas.