Em declarações contidas num documentário intitulado "Francesco" e realizado pelo cineasta judeu Evgeny Afineevsky, que foi visto pela primeira vez no festival de cinema de Roma, o Sumo Pontífice foi claro ao defender que os homossexuais têm todo o direito a uma família enquanto filhos de Deus como os demais seres humanos.

Esta postura, apesar de não ser totalmente novidade nas palavras do Papa Francisco, que já o tinha defendido quando era cardeal em Buenos Aires, de forma menos, todavia, clara e inequívoca, contraria de forma veemente aquele que tem sido o padrão do pensamento oficial sobre esta matéria no seio da igreja católica.

Nesse documentário, Afineevsky entrevista um conjunto alargado de pessoas e fontes documentais para além do próprio, de forma a explicar aquilo que é hoje o Papa "Francesco" à luz do seu passado, tendo, para isso, ouvido familiares e amigos, incluindo o antecessor Bento XVI.

O autor do filme já deixou claro ser um fã deste Papa e apontou, em declarações aos jornalistas, que o argentino Cardeal Bergoglio devia ser ouvido por todos os dirigentes mundiais como uma referência face aos desafios que a humanidade enfrenta.

E este é um desses momentos, com Francisco a quebrar, mais uma vez, barreiras de uma ortodoxia bafienta, na opinião de muitos fora do ciclo mais conservador do Vaticano, apontando o caminho, mesmo que ainda seja cedo para verificar se a sua palavra se transforma em "lei" perante o clero mundial.

"O que se precisa é de uma lei da união civil que permita garantir que os homossexuais estão legalmente protegidos", disse o chefe do Vaticano.

Para além deste tema fracturante, o Papa Francisco, nas entrevistas exclusivas que deu a Evgeny Afineevsky, aborda com igual densidade muitos dos outros temas que o inquietam como homem e como Papa, desde logo as migrações, o clima, a pobreza e a desigualdade social e racial.